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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Decolonialismo e feminismo a partir da musealização da Dama de Cao

Nos termos de Jordán (2017), a escolha destas mulheres retratadas no muro se deu

por critérios de idade, ascendência familiar e por sua produção para com o bem-estar do

desenvolvimento do povo, denominadas de as “Damas de Cao”. Um processo que mostra

como foram construídas e como essas mulheres estão postas neste processo de relações

identitárias e de identificações femininas, de gênero, interligadas simbolicamente à imagem

da Dama de Cao.

Elas demonstram que de algum modo este achado arqueológico é posto como um

símbolo do feminismo local. Apesar de se acreditar que este processo se sucedeu de maneira

imperialista, no sentido de uma eleição construída principalmente do museu para com a

população local. Segundo Asensio (2017), cabe destacar que a estátua da Dama de Cao na

cidade foi produzida a partir da reconstrução em 3D de sua face no Museo Cao.

Senhora de Cao: mulher, museália e símbolo do feminismo e da decolonialidade

Ao se adentrar em relações mais específicas sobre a Dama de Cao e pensando-a como

uma museália ou até como um objeto híbrido, que transita entre o universo humano e não

humano (LATOUR, 1994). Há de se ter em mente que seu corpo se preservou no tempo e que

ela se encontra exposta à contemporaneidade no momento em que foi deslocada de seu

mausoléu para o Museo Cao. Ganhou assim toda a visualidade fornecida pela musealização

e pela mídia, adquirindo significações simbólicas que se contextualizam juntamente com a

percepção de uma realidade pretérita em um novo tempo de existência.

Nesse sentido, seu corpo representa uma marca temporal, uma evidência biológica de

um ser humano, de um corpo, de uma mulher, de um processo de existência, de uma vida,

de uma representação de uma cultura e de um passado que se coloca na frente de toda uma

dada contextualização, que permite construções simbólicas intencionais ou inusitadas.

Todavia, pensar o corpo da Dama de Cao leva para uma discussão ética em que os museus

vêm tendo que lidar nas últimas décadas, que é o questionamento das exibições de corpos

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