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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Decolonialismo e feminismo a partir da musealização da Dama de Cao

Este achado arqueológico produziu grande rebuliço no meio acadêmico, na mídia e no

contexto local, pois as pesquisas apontavam que se tratava de uma mulher sacerdotisa e

provavelmente uma governante Mochica. Isto é, uma mulher ocupando o cargo máximo no

poder político e religioso, como já mencionado anteriormente, o que mostra que em algum

momento na história das culturas sul americanas existiu um “matriarcado”. Isso demarca

uma estrutura de poder inversa da que foi posta pela colonialidade e que serve de símbolo

para a reconstituições de compreensões de mundo.

Todavia, como na possibilidade de se pensar em giros decoloniais (BALLESTRIN, 2013)

e em um processo de libertação epistêmica. Como base nestes aspectos que Silva e Melo

(2020, p. 61), inferiram:

No entanto, mesmo com o achado da Dama de Cao, ainda consideramos que

as interpretações devidas ainda encontram-se embaçadas e obscurecidas

pelos aspectos machistas ainda vigentes na Ciência contemporânea e que

mesmo em um sítio arqueológico como o da Huaca Cao Viejo, as suas

concepções expográficas e patrimoniais não conseguem representar

simbolicamente essas novas concepções paradigmáticas, pautadas em uma

base nos estudos feministas e nas concepções de gênero e decolonialidade.

Devemos assim destacar, que em nossa percepção, a Dama de Cao deve ser

entendida como um símbolo libertador, capaz de nos mostrar um outro olhar

ou olhares para com o mundo. Logo, entender as concepções museais e

patrimoniais que foram instauradas ao seu redor, a partir da sua descoberta,

são demasiadamente importantes de serem apontadas e analisadas [...].

Justamente a partir da descoberta da Dama de Cao que se iniciou um processo mais

intenso de patrimonialização e musealização da Huaca Cao Viejo, pois este possibilitou a

construção do Museo Cao. Já que sua repercussão viabilizou o aporte de diversos

investimentos gestados pela Fundação Wiese, que através de um contrato firmado entre esta

instituição e o Ministério da Cultura Peruano 3 , realizou um convênio de 10 anos. Assim,

garantiu a abertura e o fortalecimento do turismo relacionado ao Complexo Arqueológico de

El Brujo, incluindo a Huaca de Cao Viejo. Como posto por Jordán (2017), realizou-se assim

3

Antigo Instituto Nacional de Cultura.

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