História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias
Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus. Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.
Tadeu Lopes Machadorupturas com ela, é bastante presente em nosso cotidiano. Os indígenas e suas culturascontinuam sendo peças que estão dentro dos museus para exposição, mas não estão comovisitantes, pesquisadores, intelectuais, estudiosos.Ao serem pensados e elaborados a partir desse posicionamento, os museus passarama enquadrar as categorias das mais diversas culturas aos moldes ideológicos e epistêmicosocidentais. O museu passa a ser “inventor de cultura” (WAGNER, 2017), mediando oconhecimento entre culturas distintas, com exposição de coleções e lançando umentendimento a partir de uma base ocidentalizante. Os museus ainda são instituiçõesgeográficas e epistemologicamente distantes dos povos indígenas. Portanto, se concentramem regiões metropolitanas, o que inviabiliza grande parte da população indígena de acessaressas instituições e/ou terem uma educação museal.Nessa direção, é importante que se criem mecanismos de ruptura com essa distância,de maneira a levar os museus e seu potencial de educação para dentro das aldeias. Aeducação museal é fundamental para que os indígenas potencializem cada vez mais oentendimento do valor de suas tradições, de suas línguas, de sua cultura material. Destemodo, a aproximação com o museu gera uma educação patrimonial, que é uma aliadafundamental na busca pela decolonialidade das relações culturais (SALLES; FEITOSA;LACERDA, 2019).As aldeias indígenas são espaços que estão distantes dos museus enquantoinstituições. Em vista disso, os indivíduos que residem nesses locais pouco ou nada ouviramfalar e/ou tiveram oportunidade de acesso à educação museal. É necessário que a escolaassuma o papel de facilitadora desse acesso, uma vez que é a única instituição de ensinoformal que se encontra na aldeia e pode contribuir no avanço desse entendimento. Mas éimportante que se garantam os mecanismos para que tal objetivo possa ser alcançado.Contudo, é necessário que, além de entendermos importante garantir ademocratização do acesso ao museu, também é fundamental democratizar a própria ideia demuseu (LIMA; PAIM, 2019, p. 68). Pois, como já destacamos linhas atrás, temos que garantirque o ideal dessa instituição esteja a favor de uma concepção crítica da realidade social. Uma156
O museu vai à aldeia: desafios e possibilidades de educação museal na escola indígenarealidade que garanta não apenas a presença dos vestígios das diversas culturassubalternizadas, mas principalmente a presença de suas concepções de mundo, suasperspectivas de futuro, suas vozes que historicamente foram silenciadas.Portanto, pensar o museu para além de seus muros pode garantir a construção de umprojeto de educação museal mais próximo das pessoas, mais vivo e com o carátercolaborativo de construção da memória. Talvez seja unânime a compreensão da funçãoeducacional que os museus cumprem. Seu papel não se limita apenas em coletar objetospara exposições, pois intervém como agente político, na reconstrução e preservação damemória social, contribuindo para o reconhecimento da importância de nossas culturas e denossa história.Então, é necessário também que compreendamos e coloquemos na ordem do dia opotencial da função museal que as escolas carregam consigo, pois esses espaços devem serconstruídos também como locais de acúmulo de conhecimento, formação de pessoas críticas,conscientes de sua realidade social, cultural, política, econômica. Ademais, os museustambém são espaços em que aprendemos a reconstruir nossa história e preservar nossamemória. Portanto, nos locais onde as pessoas não têm oportunidade de acesso à educaçãomuseal, como é o caso das aldeias indígenas, a escola da comunidade pode ser o agente demediação dos conhecimentos museais.Nesse sentido, passamos a construir “[...] a formação e a produção de conhecimentocomo um processo dialógico e dialético de troca de saberes e partilhas de sentidos entre ospraticantes culturais nas diversas redes que habitam, incluindo os museus” (MARTI;SANTOS, 2019, p. 60). Isto posto, trabalhamos no sentido de compreender que os territóriosindígenas não são espaços de exploração epistêmica, onde a metodologia colonizadora foipautada num caráter extrativista, explorador de matéria prima (SANTOS, 2019, p. 194).Construímos, nesse sentido, um espaço ressignificado, que contemple as necessidades reaisdos sujeitos inseridos nesses contextos, reivindicado pelos próprios indígenas, através deuma postura epistemológica que garanta a organização da história e a da memória dos povosindígenas a partir de suas próprias perspectivas.157
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O museu vai à aldeia: desafios e possibilidades de educação museal na escola indígena
realidade que garanta não apenas a presença dos vestígios das diversas culturas
subalternizadas, mas principalmente a presença de suas concepções de mundo, suas
perspectivas de futuro, suas vozes que historicamente foram silenciadas.
Portanto, pensar o museu para além de seus muros pode garantir a construção de um
projeto de educação museal mais próximo das pessoas, mais vivo e com o caráter
colaborativo de construção da memória. Talvez seja unânime a compreensão da função
educacional que os museus cumprem. Seu papel não se limita apenas em coletar objetos
para exposições, pois intervém como agente político, na reconstrução e preservação da
memória social, contribuindo para o reconhecimento da importância de nossas culturas e de
nossa história.
Então, é necessário também que compreendamos e coloquemos na ordem do dia o
potencial da função museal que as escolas carregam consigo, pois esses espaços devem ser
construídos também como locais de acúmulo de conhecimento, formação de pessoas críticas,
conscientes de sua realidade social, cultural, política, econômica. Ademais, os museus
também são espaços em que aprendemos a reconstruir nossa história e preservar nossa
memória. Portanto, nos locais onde as pessoas não têm oportunidade de acesso à educação
museal, como é o caso das aldeias indígenas, a escola da comunidade pode ser o agente de
mediação dos conhecimentos museais.
Nesse sentido, passamos a construir “[...] a formação e a produção de conhecimento
como um processo dialógico e dialético de troca de saberes e partilhas de sentidos entre os
praticantes culturais nas diversas redes que habitam, incluindo os museus” (MARTI;
SANTOS, 2019, p. 60). Isto posto, trabalhamos no sentido de compreender que os territórios
indígenas não são espaços de exploração epistêmica, onde a metodologia colonizadora foi
pautada num caráter extrativista, explorador de matéria prima (SANTOS, 2019, p. 194).
Construímos, nesse sentido, um espaço ressignificado, que contemple as necessidades reais
dos sujeitos inseridos nesses contextos, reivindicado pelos próprios indígenas, através de
uma postura epistemológica que garanta a organização da história e a da memória dos povos
indígenas a partir de suas próprias perspectivas.
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