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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Tadeu Lopes Machado

os conhecimentos tradicionais da cultura indígena deixem de ter significado

pleno para a vida desses povos. Muito pelo contrário, a tradição, a cosmologia

e os demais saberes indígenas continuam a ser a referência identitária desses

povos (LUCIANO, 2013, p. 24-25).

Desse modo, a escola indígena tem uma função pedagógica dupla. Por um lado,

possibilita aos indígenas o acesso aos conhecimentos ditos ocidentais, suas formas de

saber/fazer, entender. Por outro lado, deve permitir também a valorização, o respeito e o

conhecimento de sua própria cultura, de seus valores, de suas histórias. Mas como garantir

essa dupla função com responsabilidade e de forma eficiente?

Catherine Walsh (2008) propõe pensar a construção de uma pedagogia intercultural

decolonial como forma de aprimorar os processos pedagógicos, em espaços onde as

diferenças étnicas, culturais, políticas, econômicas são profundas. A interculturalidade,

também entendida pela autora como uma “[...] interculturalidade crítica [...]”, seria “[...] um

movimento social-político-epistêmico” que enfrentaria a concepção hegemônica de educação

(WALSH, 2008, p. 141). Portanto, refletir alternativas capazes de refundar as características da

educação na escola indígena, de maneira a atender as demandas políticas e epistêmicas dos

próprios indígenas, é algo que merece atenção especial.

Com base nessa compreensão, refletimos a importância de incentivo de uma educação

museal dentro da escola indígena. Tal educação é um instrumento capaz de fazer com que a

comunidade escolar se sinta cada vez mais segura de seus conhecimentos e saberes, bem

como dos conhecimentos produzidos no mundo ocidental. Isto posto, a viabilização de um

espaço de educação formal dentro da aldeia há de fomentar a autonomia dos sujeitos, em

favor do uso social da memória. Assim, tal como defendem Lima e Paim (2019, p. 67), a escola

se torna um local de construção de saberes para além da concepção hegemônica de

aprendizagem mecanicista, positivista e reprodutivista. O que por certo corrobora para a

construção de uma educação emancipatória.

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