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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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José Maria da Silva

perspectiva do evolucionismo e denominados de “enciclopedistas” (CHAGAS, 2007). Os

primeiros museus constituídos no Brasil, estavam alinhados a essa perspectiva museológica

– no caso, o Museu Nacional (1808), o Museu Paraense Emílio Goeldi (1866) e o Museu

Paulista (1894).

A criação do Museu Emílio Goeldi está estritamente relacionada ao período de

pesquisas biológicas de inspiração evolucionista (GUALTIERI, 2005; SCHWARCZ, 1993). A

origem da instituição se deu a partir das expedições dos naturalistas na Amazônia, quando

os mesmos passavam por Belém – após incursões pelo interior – para organizar as remessas

dos produtos de suas pesquisas (espécies da flora, fauna, solo e cultura material).

Estudos sobre o processo histórico de criação do Museu Goeldi evidenciam que a

passagem dos naturalistas por Belém fomentou curiosidades científicas, em diálogos com os

viajantes, e a criação de uma Associação Filomática. Esta se encarregou de gestões junto ao

governo da província do Grão-Pará – com papel decisivo de Domingos Soares Ferreira Penna

– e, posteriormente, a criação do museu em 1866 (CRISPINO et alii 2006; SANJAD, 2010).

Deste modo, o Museu Paraense Emílio Goeldi nasceu no âmbito da tradição dos

museus de história natural, com enfoque no colecionamento de espécies biológicas e

artefatos etnográficos. Essa linhagem de museu inaugura, portanto, a ideia de um espaço

voltado para a formação de coleções e exposição para o público. Outras perspectivas foram

sendo adicionadas com o tempo, constituindo o espaço museal um campo ao mesmo tempo

diverso e complexo que abarca desde amostras biológicas, artefatos de memória (peças

arqueológicas e etnográficas), coleções e exposições sobre populações específicas e museus

de arte.

Ao mesmo tempo que está intimamente ligado, em seu nascedouro, à expansão

colonial europeia pelo mundo, o museu é uma instituição da modernidade. É no âmbito da

sociedade moderna que tem lugar a valoração dos artefatos materiais, seja por si mesmo ou

como fundamentos da memória, instituindo assim o que se denomina de “cultura material”

(STOCKING Jr., 1985). Isto serve tanto para artefatos arqueológicos e etnográficos de

populações, quanto para objetos considerados de valor simbólico e afetivo, como jóias de

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