História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus. Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Elizabeth Sousa Abrantes, Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateusbalaiada; debater a memória construída sobre os balaios, levantarproblemáticas histórica a partir dos objetos, discutir o conceito de fontehistórica, produção do conhecimento histórico e problematizar a relação entremuseu, memoria, patrimônio e história. O próprio conceito de museu pode serproblematizado, levando em consideração a modalidade virtual desseslugares, assim como o de patrimônio 14 .Estão disponíveis neste site: orientações metodológicas; breve resumo sobre a Guerra daBalaiada; imagens do museu Memorial da Balaiada, por meio de Tour virtual, além desugestões para um melhor aproveitamento pedagógico desse espaço museal em sua versãodigital.Considerações finaisDiante do exposto, inferiu-se que a Balaiada ou a Guerra dos Bem-te-vis foi uma dasmais relevantes revoltas populares do Brasil Império, de insatisfação com as condiçõespolíticas, econômicas e sociais, no contexto da construção do Estado Nacional, em que osprojetos de nação e cidadania eram elitistas e excludentes.A historiografia tradicional criou uma narrativa desqualificadora da revolta,contribuindo para o reforço da memória oficial produzida pelos agentes da repressão, osvencedores. Para se contrapor a essa versão unilateral, tendo por base os novos estudossobre a Balaiada e a participação popular nos movimentos sociais, o museu Memorial daBalaiada, na Cidade de Caxias – MA, apresenta um acervo que contempla uma memóriahistórica mais plural desse levante, uma vez que é por meio da memória que o discurso dosujeito se torna possível (GIRON, 2000) e a “memória é elemento essencial do que se costumachamar de identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentaisdos indivíduos e das sociedades de hoje” (LE GOFF, 1990, p. 435).14Cf. DUARTE, Rosângela de Oliveira. Memorial Virtual. 2020. Disponível em: http://www.memorialvirtual.com/. Acesso em: 23 jul. 2020.122

Museu Memorial da Balaiada: a educação museal e a preservação da memória...Assim, a existência de museus com esse papel social educativo, que possibilita novasrepresentações sobre sujeitos históricos e movimentos sociais tradicionalmente silenciados,permite ver nos movimentos de revoltas contemporâneas, tanto na cidade como no campo, osquais levantam bandeiras semelhantes com reivindicações de melhores condições de vida,moradia, trabalho e acesso a terra, o desdobramento desse processo histórico de lutas contraa exclusão social, que ainda se perpetua na atualidade (GOMES, 2013).Para tanto, apresentou-se a importância da educação museal para o ensino de História,que quando utilizada como recurso didático contribui de forma significativa no processo deensino e aprendizagem. Para uma compreensão do que foi a Balaiada, abordou-se umpanorama da revisão historiográfica do tema, com interpretações conservadoras erevisionistas. Enfim, mostrou-se a origem do museu Memorial da Balaiada, alguns elementosdo seu acervo, fundamentais para a preservação da memória histórica da revolta, o quecontribui para uma melhor compreensão desse processo histórico, muitas vezes, esquecidoe negligenciado por grande parte da sociedade.Portanto, a Balaiada também pode ser tomada como símbolo de resistência nocampesinato, na resistência negra, já que parte das forças rebeldes era formada por milharesde escravos quilombolas, a maioria deles chefiados pelo famoso Negro Cosme. A apropriaçãoda História do movimento da Balaiada torna-se instrumento de construção de uma identidadecom as lutas populares do presente e de busca de transformação política e social, apontandouma tradição de resistência das camadas oprimidas.ReferênciasABRANTES, Elizabeth Sousa. A Balaiada e os Balaios: uma análise historiográfica. Monografia(Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 1996.ABRANTES, Elizabeth Sousa; MATEUS, Yuri Givago Alhadef Sampaio. Novas abordagenspara o ensino da Balaiada. In.: CAMÊLO, Júlia Constança Pereira; MATEUS, Yuri Givago123

Museu Memorial da Balaiada: a educação museal e a preservação da memória...

Assim, a existência de museus com esse papel social educativo, que possibilita novas

representações sobre sujeitos históricos e movimentos sociais tradicionalmente silenciados,

permite ver nos movimentos de revoltas contemporâneas, tanto na cidade como no campo, os

quais levantam bandeiras semelhantes com reivindicações de melhores condições de vida,

moradia, trabalho e acesso a terra, o desdobramento desse processo histórico de lutas contra

a exclusão social, que ainda se perpetua na atualidade (GOMES, 2013).

Para tanto, apresentou-se a importância da educação museal para o ensino de História,

que quando utilizada como recurso didático contribui de forma significativa no processo de

ensino e aprendizagem. Para uma compreensão do que foi a Balaiada, abordou-se um

panorama da revisão historiográfica do tema, com interpretações conservadoras e

revisionistas. Enfim, mostrou-se a origem do museu Memorial da Balaiada, alguns elementos

do seu acervo, fundamentais para a preservação da memória histórica da revolta, o que

contribui para uma melhor compreensão desse processo histórico, muitas vezes, esquecido

e negligenciado por grande parte da sociedade.

Portanto, a Balaiada também pode ser tomada como símbolo de resistência no

campesinato, na resistência negra, já que parte das forças rebeldes era formada por milhares

de escravos quilombolas, a maioria deles chefiados pelo famoso Negro Cosme. A apropriação

da História do movimento da Balaiada torna-se instrumento de construção de uma identidade

com as lutas populares do presente e de busca de transformação política e social, apontando

uma tradição de resistência das camadas oprimidas.

Referências

ABRANTES, Elizabeth Sousa. A Balaiada e os Balaios: uma análise historiográfica. Monografia

(Graduação em História) – Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 1996.

ABRANTES, Elizabeth Sousa; MATEUS, Yuri Givago Alhadef Sampaio. Novas abordagens

para o ensino da Balaiada. In.: CAMÊLO, Júlia Constança Pereira; MATEUS, Yuri Givago

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