10.08.2021 Views

História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Museu Memorial da Balaiada: a educação museal e a preservação da memória...

Seguindo essa linha de raciocínio de Serra, pode-se considerar o caso de Manoel

Ferreira dos Anjos, conhecido como Balaio, que teria aderido à causa rebelde ou para vingarse

do estupro das suas filhas por um oficial das forças da repressão ou para reagir ao

recrutamento de seus filhos, como sendo de banditismo social, haja vista que as suas ações

refletem uma reação à injustiça social, como afirma o historiador britânico Eric Hobsbawm

(2010, p. 69) em seu estudo sobre banditismo social, que “na grande maioria dos casos

registrados, os bandidos sociais realmente começam sua carreira com alguma disputa de

caráter não criminoso, com uma questão de honra ou como vítimas daquilo que eles e seus

vizinhos têm na conta de injustiça”.

Nos trabalhos acadêmicos contemporâneos, destaca-se a vasta obra do historiador

Matthias Assunção, que se contrapõe às afirmativas que relegavam os rebeldes à categoria

de bandidos, trazendo os rebeldes para uma atuação como agentes políticos também capazes

de se inserirem naquele clima de instabilidade política e tensão social. “A historiografia

conservadora é a que mais insiste na caracterização dos rebeldes como cruéis ‘facínoras’

ávidos de sangue” (ASSUNÇÃO, 1998, p. 80). Pois, na memória oral eles simplesmente são

vistos como atores sociais que saíram do seu quotidiano para unirem-se uns com os outros,

para apoiarem um movimento, no qual se sentiam vítimas do descaso. Assim, as causas

dessa revolta vão muito mais além de um único motivo.

A historiadora Sandra Regina Rodrigues dos Santos, na obra A Balaiada no Sertão: a

pluralidade de uma revolta analisa a Balaiada no contexto do sertão, mostrando que “a falta

de articulação do sertão maranhense com o litoral criou uma nítida separação entre as duas

regiões” e “o gérmen da história da Balaiada tem ligação direta com este aspecto dicotômico,

além de contemplar diversos aspectos de natureza distinta” (SANTOS, 2010, p. 05). Além

disso, considera que a Balaiada foi um movimento que contou com uma grande participação

popular, e:

[...] representou a confluência de fatores sociais (desrespeito, opressão,

exploração e miséria) e de reivindicações políticas de caráter nativistas

(suspensão da Lei dos Prefeitos e Subprefeitos, expulsão do Presidente

da Província, expulsão dos portugueses) por uma parcela significativa da

111

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!