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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Museu Memorial da Balaiada: a educação museal e a preservação da memória...

O primeiro a elaborar uma interpretação da Balaiada foi Domingos Magalhães (1848),

por ter sido secretário do governo e contemporâneo da Balaiada deu uma visão que pôde ser

considerada como a forma que a elite da época viu a Balaiada e os seus participantes, isto é,

como bandidos, rebeldes e baderneiros. Ainda sobre Magalhães, destaca-se que o fato dele

ter vivenciado essa guerra, assim como ocupou um cargo, em que teve a chance de

“acompanhar as ações do governo e as reivindicações dos rebeldes, confere a sua

interpretação um caráter de “verdade” que a historiografia tradicional ao procurar sempre

contar a ‘verdadeira história’, considerou inquestionável e reproduziu exaustivamente”

(ABRANTES, 1996, p. 50).

Sobre o coronel Luis Alves de Lima e Silva, enviado ao Maranhão como Presidente e

Comandante das Armas, é apresentado como o grande estrategista militar e habilidoso

político que conseguiu sufocar a Balaiada. Observe o olhar de condenação de Magalhães em

relação às camadas populares e de como valoriza a figura de Luís Alves de Lima e Silva, o

futuro Duque de Caxias:

O que seria do Maranhão e do Piauí se o Sr. Luiz Alves, imitando os seus

antecessores, se conservasse na capital da província. E atenuando em sua

mente o mal, lhe não acudisse pronto e eficaz remédio! Por esta facilidade e

menosprezo, a faísca da Vila da Manga incendiou toda a província, e nove

bandidos levantaram mais de nove mil (MAGALHÃES, 1858, p. 98).

Uma das ações desse presidente foi restringir a concessão de anistia, impondo

condições para a rendição dos rebeldes livres, pois os seus alvos prioritários eram os

escravos. Exigia aos que se rendiam que colaborassem com a captura dos escravos. Em

fevereiro de 1841, era anunciada oficialmente a “pacificação” da Província, com a prisão do

líder quilombola Negro Cosme. Quanto ao líder rebelde Raimundo Gomes, rendeu-se às

tropas oficiais, sendo morto quando já estava sob a custódia das tropas legalistas, juntandose

a estatística que indica entre três a seis mil rebeldes mortos e milhares de balaios feitos

prisioneiros. A violência repressiva alcançou também as populações sertanejas livres e

libertas, havendo notícias de massacres de homens, mulheres e crianças, com a ajuda das

elites bem-te-vis.

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