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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Elizabeth Sousa Abrantes, Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus

Balaiada: história e historiografia

A Guerra da Balaiada foi um levante que movimentou milhares de sertanejos em uma

grande extensão do território maranhense, mais especificamente na banda oriental e ao

centro-sul. Seus principais líderes são originários das camadas populares, e a luta se

caracterizou pelo uso de táticas de guerrilhas por parte dos rebeldes, gerando o deslocamento

contínuo dos acampamentos balaios. Nessa mobilização, circulavam homens, mulheres e até

crianças, ainda que estes dois últimos não tenham sido até agora apreciados pela

historiografia, mas que se constituíam em uma espécie de “exército invisível”. Do mesmo

modo, a participação escrava na revolta foi expressiva e ainda necessita de maiores estudos

que problematizem essa presença, dado que a historiografia tem interpretado o levante

escravo tanto como pertencente ao movimento da Balaiada, quanto sendo uma revolta

paralela, cuja confluência se deu somente no momento final quando os dois movimentos

agonizavam 4 (SANTOS 1983).

As causas imediatas da eclosão da Balaiada estão ligadas ao descontentamento com

a Lei dos Prefeitos, a prática do recrutamento forçado e as disputas políticas entre os liberais

e cabanos, as quais causavam perseguições aos inimigos do grupo situacionista. Em 1838,

ano em que teve início a revolta, a Província era governada pela facção política dos cabanos,

na figura do então presidente Vicente Pires de Figueiredo Camargo. No entanto, as razões

mais profundas para o envolvimento dos milhares de sertanejos nessa luta se relacionam

com as desigualdades sociais, exploração, discriminações, arbitrariedades, a estrutura

latifundiária que dificultava o acesso dos livres pobres ao uso da terra.

Desse modo, a Balaiada irrompeu no Maranhão, estendeu-se para o Piauí e alcançou

também o Ceará, apresentando as suas especificidades nestas províncias. Essa revolta foi

4

A principal interpretação dessa vertente historiográfica que vê o levante escravo como um movimento

paralelo é o estudo de Maria Januária Vilela Santos, A Balaiada e a Insurreição de Escravos no

Maranhão (1983). Outro estudo que traz o enfoque da participação dos escravos é o da pesquisadora

Mundinha Araújo que enfatiza a figura do Negro Cosme, líder dos quilombolas, na obra denominada

Em busca de Dom Cosme Bento das Chagas – Negro Cosme, Tutor e Imperador da Liberdade (2008).

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