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História, Arqueologia e Educação Museal: Patrimônio e Memórias

Organizadores: José Petrucio de Farias Junior / Ligia Terezinha Lopes Simonian / Ana Cristina Rocha Silva / Yuri Givago Alhadef Sampaio Mateus.

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Museu Memorial da Balaiada: a educação museal e a preservação da memória...

Quando se trata da memória, nota-se a sua relevância no processo de preservação das

identidades, como o exemplo dado por Le Goff (2003, p. 394) acerca das sociedades sem

escrita, onde a memória parece ordenar-se em volta de três grandes interesses: a idade

coletiva do grupo, “que se funda em certos mitos, mais precisamente nos mitos de origem, o

prestígio das famílias dominantes, que se exprime pelas genealogias, e o saber técnico, que

se transmite por fórmulas práticas fortemente ligadas à magia religiosa”. Neste exemplo,

infere-se que a memória tem função social, é responsável pela preservação da identidade do

grupo, pois, a memória coletiva 3 serve de elo para a manutenção desse grupo, criando

tradições e construindo a identidade desses grupos. A “referência ao passado serve para

manter a coesão dos grupos e das instituições que compõem uma sociedade, para definir seu

lugar respectivo, sua complementariedade, mas também as oposições irredutíveis” (POLLAK,

1989, p. 09).

Portanto, a partir desses conceitos e funções que a memória desempenha, compreendese

que as memórias existentes nos museus podem contribuir de modo expressivo na

formação crítica e reflexiva do estudante, uma vez que o museu posto como “ferramenta

auxiliar e como espaço de suscetíveis problemáticas”, colabora “na construção do ensino e

do aprendizado de História, deixando de ser um local engessado e passando a ser visto como

lugar de conhecimento e reconhecimento”. Adquire, assim, “um caráter significativo. Os

saberes oriundos do meio comum vão se reconfigurando e interagindo com essa memória

local e coletiva, em um movimento complexo e tensional de conhecimento e

reconhecimento” (CHICARELI; ROMEIRO, 2014, p. 87).

3

Maurice Halbwachs (2015, p. 30) defende a existência da memória coletiva, segundo esse autor,

nossas lembranças permanecem “coletivas e nos são lembradas por outros, ainda que se trate de

eventos em que somente nós estivemos envolvidos e objetos que somente nós vimos”. Isto sucede

“porque jamais estamos sós. Não é preciso que outros estejam presentes, materialmente distintos de

nós, porque sempre levamos conosco certa quantidade de pessoas que não se confundem”. Para Le

Goff (2003, p. 435), a memória coletiva “não é somente uma conquista, é também um instrumento e

um objeto de poder”. E exemplifica que, são “as sociedades cuja memória social é, sobretudo, oral, ou

que estão em vias de construir uma memória coletiva escrita, aquelas que melhor permitem

compreender esta luta pela dominação da recordação e da tradição, esta manifestação da memória”.

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