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Edição de Julho e Agosto 2021

Edição de Julho e Agosto 2021 Nºs 277 e 278

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Nºs 277 e 278

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“RETROCESSO CIVILIZACIONAL”

ÚLTIMA

Velhice será classificada

como doença pela OMS

A

iniciativa de incluir a velhice

na Classificação Estatística

Internacional de Doenças e Problemas

Relacionados à Saúde (CID),

mantida pela Organização Mundial

de Saúde (OMS), vem provocando

forte reacção de sectores ligados ao

envelhecimento, preocupados com

o risco de se mascarar problemas

de saúde reais para a terceira idade,

aumentar o preconceito contra

idosos e interferir no tratamento e

pesquisa de enfermidades e na colecta

de dados epidemiológicos.

A CID existe desde 1900 e vigora a sua

décima edição, mas a CID 11 já foi elaborada

e está em fase de ajustes. É nela

que entrará o código MG2A, que se refere

à velhice. A nova versão passa a valer

em Janeiro de 2022 e tem o prazo de três

anos para ser implementada.

O epidemiologista Alexandre Kalache, do

Centro Internacional de Longevidade, e

também presidente da Aliança Global de

Centros Internacionais da Longevidade,

usa a sua rede de contactos para barrar a

iniciativa. A Federação Internacional do

Envelhecimento (IFA), a Associação Internacional

de Gerontologia e Geriatria

e a HelpAge International também questionam

a OMS sobre o assunto.

O presidente da Academia Nacional de

Medicina, Rubens Belfort, aponta possíveis

complicações na vida de pessoas com

mais de 60 anos, como o cálculo do valor

de um seguro de vida:

— O novo código é simplista e só atrapalha.

Se vai fazer seguro de vida e tem 66

anos, perguntarão se tem doença, e sim,

terá: velhice. E o paciente que morre poderá

receber o diagnóstico de... “velhice”.

O líder da equipe de classificação de terminologias

e padrões da OMS, Robert

Jakob, diz que a inclusão de velhice não

significa torná-la uma doença e sim uma

condição. Ele classifica a discussão como

um “mal-entendido”:

— O rótulo “velhice” substitui “senilidade”,

usado na CID-10. A decisão resultou

de discussões que apontavam para a conotação

cada vez mais negativa de “senilidade”

nos últimos 30 anos.

Segundo o professor português, Nelson

S. Lima, Investigador, membro da BGS

Sociedade Britânica de Geriatria, acredita

que esta decisão, caso fosse adoptada,

seria um “retrocesso civilizacional”. Afirma

ainda, que esta medida “não tem sustentação

científica, é caricata” e “acabará

por ser retirada”.

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Lusitano de Zurique - Julho/Agosto 2021 | www.cldz.eu

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