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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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transformadora. E rejeita decididamente a ação que não considera como

ponto de partida de qualquer reflexão a prática social, os sujeitos da mesma

ação. Essa é a dimensão política do diálogo que demarca a posição de Freire

no pensamento pedagógico.

Em dois outros momentos – um ligando a prática fascista à educação e

outra à própria concepção de extensão, também presente na escola – Freire

volta ao tema. Em conversa com Sérgio Guimarães, registrada em Sobre

educação (diálogos), situa o assistencialismo em termos e consequências

aparentemente óbvios.

Quem programa é o sujeito da programação, e o sujeito da programação

é o professor, e não os educandos também [...] os educando não são, de

maneira nenhuma, consultados em torno de sua prática. E o que é terrível

– continua Freire – é que a prática é a prática da formação deles. (Freire;

Guimarães, 1982, p. 94)

Aí novamente a radicalidade ontológica.

Quando explora o termo extensão, utilizando a mediação dos campos

associativos, de Bally, ele sintetiza dez associações com o seguinte:

Parece-nos [...] que a ação extensionista envolve [...] a necessidade que

sentem aqueles que a fazem, de ir até a “outra parte do mundo”,

considerada inferior, para, à sua maneira, “normalizá-la”. Para fazê-la

mais ou menos semelhante a seu mundo. Daí que [...] o termo extensão se

encontre em relação significativa com transmissão, entrega, doação,

messianismo, mecanicismo, invasão cultural, manipulação, etc. E todos

estes termos envolvem ações que, transformando o homem em quase

“coisa”, o negam como um ser de transformação do mundo. (Freire,

2001, p. 22)

O assistencialismo é o oposto da pedagogia freiriana.

Referências: FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001; FREIRE,

Paulo; GUIMARÃES, Sérgio. Sobre educação (Diálogos). 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982; ONZÁLEZ,

Jorge Luis Cammarano. Sobre a educação para além do capital. In: ALVES, Giovani; GONZÁLEZ, Jorge L. C.;

BATISTA, Roberto Leme (Orgs.). Trabalho e educação; contradições do capitalismo global. Maringá: Ed. Práxis,

2006. p. 115-45; MÉSZÁROS, István. Educação para além do capital. São Paulo: Boitempo, 2002; LUKÁCS,

Georgy. El Trabajo. In: IDEM. Ontología del ser social. Buenos Aires: Ed. Herramienta, 2004.

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