Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

silvawander2016
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30.05.2021 Views

verdadeira é comprometida com o ser mais, com a emancipação humana e oespírito criador. É nosso dever ético lutar contra as situações históricas queinviabilizam o ser mais, a vida em sua plenitude criadora. A verdadeiravocação da humanidade é a libertação, a humanização universal. “A educaçãodeve estimular a opção e afirmar o homem como homem. Em todo homemexiste um ímpeto criador. A educação é mais autêntica quanto maisdesenvolve este ímpeto ontológico de criar. É necessário darmosoportunidade para que os educandos sejam eles mesmos” (FREIRE, 1979, p.32).A vocação ontológica se efetiva através da educação libertadora. Por isso,a negação da educação, a exclusão, a falta de oportunidades para a pessoadesenvolver suas potencialidades é uma espécie de morte em vida. Negar aeducação a uma pessoa é impedir que ela desenvolva sua humanidade. Paranós, seres humanos, existir de modo autêntico é ser capaz de compreender arealidade, de dizer sua palavra, de pronunciar o mundo. “Existir,humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. Não é no silêncio que oshomens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão” (FREIRE,1974, p. 78).Nosso destino, conquanto seres humanos conscientes do nosso lugar nomundo, na história, deve ser criar, transformar o mundo, sendo sujeitos desua ação e não objetos domesticados, passivos, facilmente manipulados pelasideologias opressoras que reduzem a pessoa a simples instrumento, coisa aserviço do sistema.É preciso que a educação esteja – em seu conteúdo, em seus programas eem seus métodos – adaptada ao fim que se persegue: permitir ao homemchegar a ser sujeito, construir-se como pessoa, transformar o mundo,estabelecer com os outros homens relações de reciprocidade, fazer acultura e a história. (Freire, 1980, p. 39)Ser que é capaz de adquirir consciência da realidade e a partir desseconhecimento do mundo assumir um compromisso, responsabilidade éticohistóricacom a humanização e a transformação da realidade.É através da educação humanista libertadora que realizamos a nossavocação ontológica direcionada para o ser mais. A educação dialógica é omelhor caminho para viabilizar a vocação ontológica da pessoa. Isso porque

os seres humanos se fazem no diálogo amoroso, fraterno uns com os outros.Educamo-nos, fazemo-nos pessoas no diálogo intersubjetivo que respeita aalteridade do outro. O diálogo é o núcleo central da pedagogia libertadora; écondição fundamental para a nossa humanização.O diálogo não pode existir sem um profundo amor pelo mundo e peloshomens. O amor é ao mesmo tempo o fundamento do diálogo e opróprio diálogo. O diálogo exige igualmente uma fé intensa no homem,fé em seu poder de fazer e refazer, de criar e recriar, fé em sua vocação deser mais humano: o que não é privilégio de uma elite, mas o direito quenasce com todos os homens. (Freire, 1980, p. 83)Nesta luta pelo ser mais; neste compromisso para realizar a vocaçãoontológica, o respeito pelo outro é uma espécie de imperativo éticoirrenunciável. “Não posso ser se os outros não são; sobretudo não posso ser,se proíbo que os outros sejam” (FREIRE, 1995, p. 44).Referências: FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. 1. ed. São Paulo: Olho D‘Água, 1995.120 p; FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação. São Paulo: Moraes, 1980. 102p;FREIRE, Paulo. Educação como prática para a liberdade: e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz eTerra, 1976. 149 p; FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 1. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. 79p; FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 1. ed. São Paulo:Paz e Terra, 1996. 165 p; FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 1. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1974. 218 p.

os seres humanos se fazem no diálogo amoroso, fraterno uns com os outros.

Educamo-nos, fazemo-nos pessoas no diálogo intersubjetivo que respeita a

alteridade do outro. O diálogo é o núcleo central da pedagogia libertadora; é

condição fundamental para a nossa humanização.

O diálogo não pode existir sem um profundo amor pelo mundo e pelos

homens. O amor é ao mesmo tempo o fundamento do diálogo e o

próprio diálogo. O diálogo exige igualmente uma fé intensa no homem,

fé em seu poder de fazer e refazer, de criar e recriar, fé em sua vocação de

ser mais humano: o que não é privilégio de uma elite, mas o direito que

nasce com todos os homens. (Freire, 1980, p. 83)

Nesta luta pelo ser mais; neste compromisso para realizar a vocação

ontológica, o respeito pelo outro é uma espécie de imperativo ético

irrenunciável. “Não posso ser se os outros não são; sobretudo não posso ser,

se proíbo que os outros sejam” (FREIRE, 1995, p. 44).

Referências: FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. 1. ed. São Paulo: Olho D‘Água, 1995.

120 p; FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria e prática da libertação. São Paulo: Moraes, 1980. 102p;

FREIRE, Paulo. Educação como prática para a liberdade: e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 1976. 149 p; FREIRE, Paulo. Educação e mudança. 1. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. 79

p; FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 1. ed. São Paulo:

Paz e Terra, 1996. 165 p; FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 1. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,

1974. 218 p.

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