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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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Brasil, o educador diz o seguinte: “Assim, o novo estilo de vida política que

se encontra nas sociedades em transição não se limita ao papel manipulador

dos líderes que mediatizam massas e poder. Com efeito, o estilo populista de

ação política termina por criar condições favoráveis para que os grupos de

jovens e de intelectuais participem da vida política com as massas” (FREIRE,

1980, p. 70).

Nesse período, que Freire qualificou como “pré-revolucionário”, o

golpismo representou, no Brasil e em outros países da América Latina, uma

antítese ao trânsito social. Porém, depois de instaurado, o golpe de Estado

inaugurou uma nova fase de transição. “No Brasil, a transição marcada pelo

golpe de Estado representa um retorno a uma ideologia de desenvolvimento

fundamentada no abandono da economia nacional aos interesses

estrangeiros[...]” (FREIRE, 1980, p. 72). Segundo o educador, o papel do

Estado representa, nesse contexto, um poder arbitrário e antipopular, com o

qual as massas não devem se iludir, esperando possíveis “aberturas” ao ritmo

da transição anterior. “As aberturas que a nova fase de transição permite têm

sua própria significação. [...] Qualquer que seja a sua ideologia, a nova fase

de transição desafia as forças populares a que encontrem uma maneira de

proceder inteiramente nova, [...]” (FREIRE, 1980, p. 72).

Assim, vê-se que, de acordo com Freire, o trânsito social possui distintas

teses e antíteses a depender do período histórico no qual ele ocorre. As

aberturas que o dinamizam se revelam à medida que as estruturas sociais são

compreendidas, sem usar respostas prontas ou prender-se a expectativas

míticas. É preciso, como diz o autor, “distinguirmos lucidamente na época do

trânsito o que estivesse nele, mas não fosse dele, do que, estando nele, fosse

realmente dele” (FREIRE, 1975, p. 48).

Referências: BARBU, Zevedei. Democracy and dictatorship. London: Routledge, 1998; FREIRE,

Ana Maria. A pedagogia da libertação em Paulo Freire. São Paulo: Unesp, 2001; FREIRE, Paulo.

Conscientização. São Paulo: Moraes, 1980; FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. Rio

de Janeiro: Paz e Terra, 1975; JORGE, Joel. A ideologia de Paulo Freire. São Paulo: Loyola, 1979;

TORRES, Carlos Alberto. Leitura crítica de Paulo Freire. São Paulo: Loyola, 1981.

20 É possível encontrar estudos e pesquisas de construção de saberes profissionais realizadas por pesquisadores

que trabalham o tema, abordando diferentes enfoques da: psicologia, sociologia e economia do trabalho,

ergologia, educação, linguística, história e filosofia.

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