Dicionario-Paulo-Freire-versao-1
tenho ao meio (natural e cultural), a meu ambiente, que vou construindo asminhas próprias formas de pensar, de emocionar e de fazer. Vou construindominha natureza humana ou me desumanizando (FREIRE, 1974).Ninguém nasce feito: é experimentado-nos no mundo que nós nosfazemos [...] Na prática social em que tomamos parte [....] Na verdadenão é possível separar o que há em mim de profissional do que venhosendo como homem [...] das minhas experiências de menino, de jovem,dos meus desejos dos meus sonhos, com o meu bem-querer ao mundo ouseu desamor á vida [...] (Freire, 1997, p. 81-82)Trabalhar significa transformar-se a si mesmo pelo trabalho e aprendercom e durante a atividade profissional. Por isso, durante o encontro entre osujeito e o trabalho, “é impossível postular que quem trabalha possa escaparsem cessar ao conhecimento do trabalho, portanto é impossível dizer quequem trabalha não seja também ao mesmo tempo produtor de conhecimento”(MARTINI, 1997, p 17).Se o trabalho constitui um campo de experiência para o sujeito, é tambémentendido como uma ocasião para desenvolver um savoir-faire, para aaquisição de técnicas, conhecimentos, habilidades relativas ao desempenhode certas tarefas, ou seja, de meios de ação sobre o real; o próprio trabalhoconstitui em si um espaço de autoconstrução, desenvolvimento e formaçãopessoal e profissional. Assim, as atividades de trabalho possibilitam aconstrução de saberes de experiência feitos, na expressão de Freire, “umasabedoria que resulta das experiências sócio-culturais em que os(as)trabalhadores(as) estão imersos” (FREIRE, 1992, p. 85 e 86).Os contextos e situações de trabalho são espaços de experiênciaspartilhadas e dialógicas, no sentido freireano, espaços de “construção de umaidentidade que se desenrola na trama do tempo”, como se o tempo todo seefetivasse um diálogo de si para si e de si em relação aos outros (pares oucomponentes da hierarquia). Diálogo não exclui a ideia de confronto, quandoem situações de conflito, e é a partir desse diálogo/confronto que otrabalhador se constitui como sujeito do trabalho, constrói e dá sentido a seutrabalho e a sua profissionalização.São numerosos os estudos20 que têm procurado investigar a natureza e ascaracterísticas dos saberes de experiência de que os trabalhadores, de
diferentes níveis de qualificação e especialidade, são portadores.Tais estudos revelam a existência de saberes plurais, compósitos,heterogêneos, provenientes de fontes variadas, podendo ser conhecimentos denatureza teórica e prática, derivados da intuição, da tradição, incorporadosatravés das experiências de escolarização, do convívio com os companheirosde trabalho, da família, do bairro, do sindicato, dos movimentos sociais.Trata-se de saberes profissionais de natureza plural, oriundos de fontessociais diversas e adquiridos em tempos socais diferentes: tempo da infância,da escola, da formação profissional, do ingresso na profissão, da carreira...Saberes que parecem ter sido adquiridos no e com o tempo, mas que são, elesmesmos, temporais. Pois são abertos, porosos, permeáveis e incorporados aolongo do processo de socialização e da carreira, com a vivência deexperiências novas. Conhecimentos adquiridos em pleno processo, um saberfazerremodelado em função das mudanças de prática, de situações detrabalho, das mudanças técnicas e organizativas das situações e dos processosde trabalho.Assim, em toda ocupação/profissão, a experiência e o tempo surgemcomo fatores determinantes para se compreender os saberes, as habilidades eas destrezas acumuladas pelos trabalhadores. Trata-se de um processo desocialização contínuo, de aprendizagens que vão muito além do simplesdomínio de um conjunto de conhecimentos e/ou habilidades necessárias àrealização da tarefas pertinentes ao cargo/função.São aprendizagens oriundas de uma socialização que provêm dasexperiências de escolarização, formação sistemática (através de cursose/ou atividades formativas) pela imersão e convivência com oscompanheiros de trabalho, entre aprendizes e trabalhadores maisexperientes, ou de situações de intercâmbio entre iguais, onde se aprendea assimilar rotinas e práticas de trabalho, ao mesmo tempo em que recebeuma formação referente às regras e valores que compõem a cultura daprofissão, da categoria profissional ou mesmo da cultura organizacionalda empresa. A troca com os pares inclui os saberes provenientes deexperiências sociais partilhadas de cunho organizativo com a óticaclassista, social e cultural de gênero, etnia, etc. de participação emmovimentos. (Tardif; Raymond, 2000)
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tenho ao meio (natural e cultural), a meu ambiente, que vou construindo as
minhas próprias formas de pensar, de emocionar e de fazer. Vou construindo
minha natureza humana ou me desumanizando (FREIRE, 1974).
Ninguém nasce feito: é experimentado-nos no mundo que nós nos
fazemos [...] Na prática social em que tomamos parte [....] Na verdade
não é possível separar o que há em mim de profissional do que venho
sendo como homem [...] das minhas experiências de menino, de jovem,
dos meus desejos dos meus sonhos, com o meu bem-querer ao mundo ou
seu desamor á vida [...] (Freire, 1997, p. 81-82)
Trabalhar significa transformar-se a si mesmo pelo trabalho e aprender
com e durante a atividade profissional. Por isso, durante o encontro entre o
sujeito e o trabalho, “é impossível postular que quem trabalha possa escapar
sem cessar ao conhecimento do trabalho, portanto é impossível dizer que
quem trabalha não seja também ao mesmo tempo produtor de conhecimento”
(MARTINI, 1997, p 17).
Se o trabalho constitui um campo de experiência para o sujeito, é também
entendido como uma ocasião para desenvolver um savoir-faire, para a
aquisição de técnicas, conhecimentos, habilidades relativas ao desempenho
de certas tarefas, ou seja, de meios de ação sobre o real; o próprio trabalho
constitui em si um espaço de autoconstrução, desenvolvimento e formação
pessoal e profissional. Assim, as atividades de trabalho possibilitam a
construção de saberes de experiência feitos, na expressão de Freire, “uma
sabedoria que resulta das experiências sócio-culturais em que os(as)
trabalhadores(as) estão imersos” (FREIRE, 1992, p. 85 e 86).
Os contextos e situações de trabalho são espaços de experiências
partilhadas e dialógicas, no sentido freireano, espaços de “construção de uma
identidade que se desenrola na trama do tempo”, como se o tempo todo se
efetivasse um diálogo de si para si e de si em relação aos outros (pares ou
componentes da hierarquia). Diálogo não exclui a ideia de confronto, quando
em situações de conflito, e é a partir desse diálogo/confronto que o
trabalhador se constitui como sujeito do trabalho, constrói e dá sentido a seu
trabalho e a sua profissionalização.
São numerosos os estudos20 que têm procurado investigar a natureza e as
características dos saberes de experiência de que os trabalhadores, de