Dicionario-Paulo-Freire-versao-1
educativos críticos, não se esgota em um momento, em um tempo, em umsujeito. Quanto mais os sujeitos cognoscentes adentram seu objeto deconhecimento, mais conscientes se tornam de que há mais por conhecer. Aproblematização/reflexão que permite a inteligibilidade do objeto, porsujeitos em relação, funda a comunicabilidade. Forja espaços dialógicos queaproximam educador e educando, uma vez que, no ato cognoscitivo, estarãocompartilhando presença no contexto que sustenta o objeto de conhecimentoe relação com os signos linguísticos necessários para expressá-lo. É desdeesses imbricamentos que Freire aponta a associação entre pensamento,linguagem, realidade.Esses movimentos perceptivos e/ou reflexivos projetam, como insinua oautor, textos, cuja complexidade é compatível com a profundidade eamplitude que os primeiros atingem. Por sua vez, em processos educativos,um texto pode apresentar-se como elemento de comunicação do percebido erefletido, como também sob a forma de objeto de ad-miração. Contudo, suahistoricidade – que em ambos os casos está associada à do ato cognoscenteque torna possível a sua criação – os mantém “abertos”. Convoca educadorese educados, leitores e escritores, a um “processo de reinvenção contínua dotexto no contexto cultural e histórico” que lhes é próprio. “Um textoexcelente é um texto que pode transcender seu lugar e seu tempo” (2001, p.73).As obras de Freire em que os termos texto e contexto aparecem de formamais explícita são as que analisam os atos de ler e estudar (associados aprocessos alfabetizadores ou a outros níveis de educação), as mesmas queinsistem em evidenciar que a capacidade de ler os textos, compreender arealidade e transformá-la, que é concomitante com a construçãocrítico/reflexiva dos sujeitos, exige distanciamento do vivido para constituí-locomo objeto de/em “ad-miração”. É o que mostra Freire no primeiro texto de“A importância do ato de ler”, quando passa a rever o próprio processo dealfabetização e a contar como os textos, as palavras, as letras se encarnavamnas coisas, na natureza e nas relações possibilitadas pelo contexto da suainfância, juventude e mocidade. E como, na medida em que sobre estecontexto adentrava, para dele mais saber, via-se apaziguado dos seus temoresde então. Mostra também, em textos produzidos individualmente ou emdiálogo com outros educadores, como este adentramento crítico criacondições para que os sujeitos (oprimidos), ao divisarem a situação de
opressão em que vivem, engagem-se em uma prática libertadora, construídaem torno da esperança da realização do “sonho possível”, sonho coletivo,cujo critério de possibilidade ou impossibilidade é um critério históricosocial.O ato de percorrer a obra de Freire para a realização da presente síntesetornou possível pontuar sua aproximação teórico-epistemológica, quanto àtemática em questão, especialmente de pensadores como Kosik (concretude,totalidade), Gramsci (ação contra-hegemônica), Marx (transformação darealidade) e Mounier (aspiração transcendente, produção de uma novacultura, produção de um novo sujeito).Referências: FREIRE, Ana Maria Araújo (Org.) Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: Ed.UNESP, 2001; FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade: e outros escritos. 7. ed. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1982; FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 5.ed. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1983; FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação? 10. ed.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992; FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem gosta deensinar. São Paulo: Olho D’Água. 1997; STRECK, Danilo (Org.) Paulo Freire: ética, utopia eeducação. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
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educativos críticos, não se esgota em um momento, em um tempo, em um
sujeito. Quanto mais os sujeitos cognoscentes adentram seu objeto de
conhecimento, mais conscientes se tornam de que há mais por conhecer. A
problematização/reflexão que permite a inteligibilidade do objeto, por
sujeitos em relação, funda a comunicabilidade. Forja espaços dialógicos que
aproximam educador e educando, uma vez que, no ato cognoscitivo, estarão
compartilhando presença no contexto que sustenta o objeto de conhecimento
e relação com os signos linguísticos necessários para expressá-lo. É desde
esses imbricamentos que Freire aponta a associação entre pensamento,
linguagem, realidade.
Esses movimentos perceptivos e/ou reflexivos projetam, como insinua o
autor, textos, cuja complexidade é compatível com a profundidade e
amplitude que os primeiros atingem. Por sua vez, em processos educativos,
um texto pode apresentar-se como elemento de comunicação do percebido e
refletido, como também sob a forma de objeto de ad-miração. Contudo, sua
historicidade – que em ambos os casos está associada à do ato cognoscente
que torna possível a sua criação – os mantém “abertos”. Convoca educadores
e educados, leitores e escritores, a um “processo de reinvenção contínua do
texto no contexto cultural e histórico” que lhes é próprio. “Um texto
excelente é um texto que pode transcender seu lugar e seu tempo” (2001, p.
73).
As obras de Freire em que os termos texto e contexto aparecem de forma
mais explícita são as que analisam os atos de ler e estudar (associados a
processos alfabetizadores ou a outros níveis de educação), as mesmas que
insistem em evidenciar que a capacidade de ler os textos, compreender a
realidade e transformá-la, que é concomitante com a construção
crítico/reflexiva dos sujeitos, exige distanciamento do vivido para constituí-lo
como objeto de/em “ad-miração”. É o que mostra Freire no primeiro texto de
“A importância do ato de ler”, quando passa a rever o próprio processo de
alfabetização e a contar como os textos, as palavras, as letras se encarnavam
nas coisas, na natureza e nas relações possibilitadas pelo contexto da sua
infância, juventude e mocidade. E como, na medida em que sobre este
contexto adentrava, para dele mais saber, via-se apaziguado dos seus temores
de então. Mostra também, em textos produzidos individualmente ou em
diálogo com outros educadores, como este adentramento crítico cria
condições para que os sujeitos (oprimidos), ao divisarem a situação de