Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

silvawander2016
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tema. Na revisão de dez de suas obras, aparece, pelo menos, 88 vezes“América Latina”, sendo 41 vezes somente no livro Ação cultural para aliberdade. Em Pedagogia da indignação, aparece 17 vezes, incluindo asexpressões “América”, “americano”, “americanidade”. Em Pedagogia dooprimido, “América Latina” aparece quatro vezes (e latino-americanos, duas)no contexto de denúncia à “guerra invisível” da miséria, suas causasestruturais e responsabilidades. Ao superar a “aderência’ e a “cultura dosilêncio”, os oprimidos passam a reconhecer, através da ação cultural, quesão capazes de ser seres transformadores da realidade.Referências: FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 2. ed. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1977; FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação. Cartas pedagógicas e outrosescritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000; FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 5. ed. São Paulo:Paz e Terra, 1978; FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia. O cotidiano do professor. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1986.

AMOROSIDADECleoni FernandesFreire trabalha com a concretude da produção do sentido e do sentiramorosidade/amor como uma potencialidade e uma capacidade humana queremete a uma condição de finalidade existencial ético-cultural no mundo ecom o mundo. Uma amorosidade partilhada que proporcione dignidadecoletiva e utópicas esperanças em que a vida é referência para viver comjustiça neste mundo.A amorosidade freiriana que percorre toda sua obra e sua vida sematerializa no afeto como compromisso com o outro, que se faz engravidadoda solidariedade e da humildade. Usando o prefixo com-, ganha força a ideiade compromisso que pode significar prometer-se consigo e com o outro.Tarefa difícil que desafia uma solidariedade de classe e a humildade nãocomo submissão, mas como possibilidade de que a verdade também possaestar com o outro, em um emaranhado que envolve respeito como umacategoria de acolhimento das diferenças, não apenas como categoria cultural,embora também o seja, mas sua essência se constitui como categoria deconteúdo ético. Para Freire (1987): “o amor é um ato de coragem, [...] o atode amor está em comprometer-se com sua causa. A causa de sua libertação.Mas, este compromisso, porque é amoroso, é dialógico”. Na compreensãodessas concepções e sentimentos, tem-se a importância da linguagem(BARTHES, 1987) em sua corporeidade de sentidos para além dos códigoslinguísticos.Streck (2007, p. 19) traz as palavras de José Martí: “A educação há de irpara onde vai a vida, para afirmar em seguida que: Se a educação precisa ironde vai a vida ela deve, em primeiro lugar, ir onde estão as pessoas”.Amorosidade na visão freiriana é vida, vida com pessoas, é qualidade que setorna substanciada ao longo de sua obra e de sua vida. Condição assentada nacentralidade da possibilidade dialógica, que exige o amor e a confiança, emque o diálogo nunca está aprontado, é sempre um caminho (FREIRE, 1987) poronde os homens e as mulheres tomam consciência de si em relação com osoutros e com o mundo da natureza e da cultura, da mediação pelo trabalhocom o conhecimento e com a VIDA pelo diálogo como potencialidade

AMOROSIDADE

Cleoni Fernandes

Freire trabalha com a concretude da produção do sentido e do sentir

amorosidade/amor como uma potencialidade e uma capacidade humana que

remete a uma condição de finalidade existencial ético-cultural no mundo e

com o mundo. Uma amorosidade partilhada que proporcione dignidade

coletiva e utópicas esperanças em que a vida é referência para viver com

justiça neste mundo.

A amorosidade freiriana que percorre toda sua obra e sua vida se

materializa no afeto como compromisso com o outro, que se faz engravidado

da solidariedade e da humildade. Usando o prefixo com-, ganha força a ideia

de compromisso que pode significar prometer-se consigo e com o outro.

Tarefa difícil que desafia uma solidariedade de classe e a humildade não

como submissão, mas como possibilidade de que a verdade também possa

estar com o outro, em um emaranhado que envolve respeito como uma

categoria de acolhimento das diferenças, não apenas como categoria cultural,

embora também o seja, mas sua essência se constitui como categoria de

conteúdo ético. Para Freire (1987): “o amor é um ato de coragem, [...] o ato

de amor está em comprometer-se com sua causa. A causa de sua libertação.

Mas, este compromisso, porque é amoroso, é dialógico”. Na compreensão

dessas concepções e sentimentos, tem-se a importância da linguagem

(BARTHES, 1987) em sua corporeidade de sentidos para além dos códigos

linguísticos.

Streck (2007, p. 19) traz as palavras de José Martí: “A educação há de ir

para onde vai a vida, para afirmar em seguida que: Se a educação precisa ir

onde vai a vida ela deve, em primeiro lugar, ir onde estão as pessoas”.

Amorosidade na visão freiriana é vida, vida com pessoas, é qualidade que se

torna substanciada ao longo de sua obra e de sua vida. Condição assentada na

centralidade da possibilidade dialógica, que exige o amor e a confiança, em

que o diálogo nunca está aprontado, é sempre um caminho (FREIRE, 1987) por

onde os homens e as mulheres tomam consciência de si em relação com os

outros e com o mundo da natureza e da cultura, da mediação pelo trabalho

com o conhecimento e com a VIDA pelo diálogo como potencialidade

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