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TEORIA CRÍTICA

Pedrinho Guareschi

Não seria exagerado afirmar que o termo “crítico/crítica”, como adjetivo

ou substantivo, é um dos mais recorrentes nos escritos de Paulo Freire. Um

rápido olhar sobre qualquer de seus livros vai encontrar o termo ligado a um

sem-número de palavras, como: consciência, curiosidade, postura, atitude,

situação, pedagogia, leitura, pesquisa, herança, esforço, sujeito, pensamento,

compreensão, maneira, educação, conscientização, autoinserção, etc., além, é

claro, da própria consciência crítica e autocrítica. O interessante é que em

nenhum lugar encontramos uma discussão específica da teoria crítica, como

tal, feita por ele. Mas a maioria dos autores tidos como seus inspiradores

filia-se a essa corrente de pensamento.

O que pretendemos sublinhar e precisar aqui é como a teoria crítica, a

partir de seus principais pressupostos metafísicos, epistemológicos e éticos,

subjaz ao referencial teórico do autor e de que maneira ela se manifesta em

suas análises e em seus escritos pedagógicos.

A Teoria Crítica, conhecida também como Escola de Frankfurt, ou

“Ideologiekritik”, pode ser sintetizada em três proposições centrais, segundo

os estudos do filósofo inglês Raymond Geuss (1988):

a) ela toma posição clara diante da ação humana, visando esclarecimento

das pessoas que a assumem, fazendo-as capazes de descobrir quais seus

interesses e levando esses agentes à libertação das coerções, às vezes

autoimpostas e sempre autofrustrantes;

b) não deixa, por isso, de ser uma forma de conhecimento;

c) difere, epistemologicamente, das teorias das ciências naturais, que são

objetificantes, ao passo que as teorias críticas são reflexivas, o autor se

conhece ao conhecer.

Esses três pressupostos estão implícitos em toda a produção teórica de

Freire.

Na primeira proposição está presente uma determinada ontologia e uma

ética. É central nessa teoria que é impossível uma neutralidade nas ações.

Como justificar tal afirmativa? O raciocínio retoma a discussão sobre o que é

“ação”, ou “prática”. Os seres humanos, as sociedades, são entendidos dentro

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