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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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SUJEITO SOCIAL

Sandro Pitano

Embora não encontremos na obra de Paulo Freire o termo “sujeito

social”, a constância de outras expressões com afinidade semântica, tais como

“sujeito histórico”, “sujeito crítico” e “sujeito dialógico”, o revelam presente,

ainda que de maneira implícita.18 Em seu significado, o conceito emerge da

concepção freiriana de mundo como processo, no qual o ser humano é

parcela orgânica e ativa, constituindo-se na e como historicidade. Um estar

sendo em que prepondera “o saber da história como possibilidade e não como

determinação” (FREIRE, 1996, p. 85), implicando conceber presente e futuro

como problema, diante do qual a afirmação do sujeito se constitui um

desafio.

Para Freire, o movimento de vir a ser do sujeito é vocação natural

(embora passível de ser distorcida ao longo do processo histórico) e está

relacionado ao processo educativo como uma aprendizagem permanente. A

atuação em níveis mais críticos sobre a realidade não provoca apenas a

mudança das relações objetivas, mas também do indivíduo atuante. Em sua

inquietude, ação e reflexão se unem na práxis, uma vez que a uma reflexão

crítica tende a suceder uma ação igualmente crítica, isto é, uma ação que

corresponda à condição dos oprimidos não mais como seres totalmente para

o outro, e sim com o outro e para si, sujeitos sociais. A “ultrapassagem do

estado de objetos para o de sujeitos”, afirma Freire (2002a, p. 127), “não

pode prescindir nem da ação das massas, nem de sua reflexão”, autêntica

práxis libertadora.

A plenitude da existência, embora sempre se fazendo, consiste em poder

pronunciar o mundo, atitude do sujeito que transforma o meio em que vive de

forma consciente e responsável. Por isso, a dimensão coletiva se revela um

imperativo, uma vez que “dizer a palavra não é privilégio de alguns homens,

mas direito de todos” (FREIRE, 2002a, p. 78). É impossível pronunciar o

mundo sozinho, da mesma forma que se tornar sujeito quando apartado dos

outros. Logo, o vir a ser depende da interação construtiva no espaço vital,

com os demais e com a própria consciência. Pela ação afirmativa de dizer a

palavra, pronunciando o mundo em colaboração, os sujeitos provocam um

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