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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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mundo e a realidade que o cerca, juntamente com os demais que se

assumiriam como sujeitos, também. Esse movimento entre homens-sujeitos

se dá pelo diálogo, pela confiança que depositam entre si e, acima de tudo,

“pelo testemunho que um sujeito dá aos outros de suas reais e concretas

intenções”, tornando ação aquilo que as palavras dizem e, ao mesmo tempo,

chamando a si a responsabilidade dessa sua práxis. É assim que esse homem

“sujeito situado e datado”, conforme diz inspirado em Gabriel Marcel,

manifesta-se como sujeito de práxis e histórico.

São esses os homens e mulheres historicizados que se colocam não só em

favor de uma educação libertadora, como também a produzem, manifestandose

como educadores humanistas ou revolucionários autênticos. Eles não só

agem para transformar as condições que sufocam, inibem e silenciam a voz

daqueles que vivem sob opressão, mas criam condições para que os próprios

oprimidos aprendam a reconhecer as circunstâncias, as estruturas e as formas

políticas que os situam como classe oprimida. Portanto, suas ações incidem

sobre as realidades a serem transformadas, e não sobre outros homens que

vivem na condição de dominados ou oprimidos. Apoiado em Marx, ele

reconhece que “não há realidade histórica [...] que não seja humana”, (FREIRE,

1980b, p.152), pois são os homens que em sua humanidade e desumanidade

fazem a história e, ao fazer isso, eles próprios vão tornando-se historicamente

homens-sujeitos ou homens-objetos.

Estudando e teorizando numa perspectiva dialética, Paulo Freire

problematiza essa relação sujeito-objeto destacando que ela não se dá de

forma bipolar, em polos que se opõem e excluem necessariamente, mas ela

coloca aos homens possibilidades de reconhecer-se a atuar como homenssujeitos

que poderão, a qualquer momento, existirem como homens-objetos, e

vice-versa. Portanto, a relação entre homem-sujeito/objeto é uma relação

possível, mas não está nem fechada e acabada, nem tampouco é,

necessariamente, paralisante. Caso isso acontecesse, então não haveria

possibilidade de transformações revolucionárias, nem tampouco haveria

espaço para uma educação libertadora, pois conforme Freire, o homem é um

ser inacabado, sempre em movimento em busca do Ser Mais, e, como tal,

sujeito político e fazedor de cultura, um sujeito capaz de viver situaçõeslimites

e inéditos-viáveis.

Referências: FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 11. ed., Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 1980a; FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 8. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980b.

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