Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

silvawander2016
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A subjetividade como perspectiva prática de emancipação humana nasrelações dos homens entre si e com a natureza é um projeto de superação docapitalismo.Referências: FREIRE, Paulo. Criando métodos de pesquisa alternativa: aprendendo a fazê-lamelhor através da ação. In: BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Pesquisa participante. 8. ed. São Paulo:Brasiliense, 2001. p. 34-41; FREIRE, Paulo. Extensão ou comunicação. 11. ed. Rio de Janeiro: Paz eTerra, 2001; FREIRE, Paulo; HORTON, Myles. O caminho se faz caminhando; conversas sobreeducação e mudança social. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2003; TORRES, Rosa Maria. Educação popular:um encontro com Paulo Freire. São Paulo: Loyola, 1982.

SUJEITO/OBJETOCecília Irene OsowskiPara Paulo Freire “o homem integrado é o homem Sujeito” (FREIRE,1980a, p. 42), isto é, um homem enraizado não só historicamente, mas acimade tudo aquele que expressa sua humanização. Ele exercita sua liberdade,assume as tarefas de seu tempo, reflete e analisa-as, posicionando-secriticamente e tomando decisões que interferem e alteram a realidade. Fazisso junto com os demais, em comunhão: dialoga e age.Entretanto, o homem poderá situar-se num outro polo – o da adaptação eo da acomodação – onde existirá como objeto: coisificado, desenraizado,desumanizado. Situado nesse polo, o homem já não é mais capaz de alterar arealidade, mas de ajustar-se a ela e para isso “altera-se a si para adaptar-se”(FREIRE, 1980a, p. 42, nota 4). No entanto, poderá ainda apresentar uma débilação defensiva tentando preservar-se como sujeito humano. Isso se dá porquefrente a uma cultura de massificação desencadeada pela mídia, submetido aoapelo da publicidade, perdido no excesso de informações e ainda sucumbindoà força dos mitos, esse homem moderno já não tem como reconhecer suaintegridade e afoga-se no anonimato ou na minimização de seu próprio eu.Freire desenvolveu essas ideias inspirando-se em Erich Fromm e em outrosautores que descreveram esse homem moderno esmagado por sentimentos deimpotência diante das catástrofes de seu tempo e do desamparo a que foilançado, sem saber bem o que queria, pensava ou sentia e ainda tolhido emsuas ações e palavras.Sob essas condições, resta-lhe, então, ajustar-se “ao mandado deautoridades anônimas e adota um eu que não lhe pertence” (FREIRE, 1980a, p.44). Submete-se a uma “elite” que lhe apresenta o que fazer e, então, “afogaseno anonimato nivelador da massificação, sem esperança e sem fé,domesticado e acomodado: já não é sujeito. Rebaixa-se a puro objeto.Coisifica-se” (FREIRE, 1980a, p. 43). Dessa forma, o homem vai perdendo-sea si e aos demais.Ao não se reconhecer em suas condições de humanização, nem em suascondições de revolucionário, não consegue colocar-se em favor dosoprimidos, criticando e criando, refletindo, decidindo e transformando o

SUJEITO/OBJETO

Cecília Irene Osowski

Para Paulo Freire “o homem integrado é o homem Sujeito” (FREIRE,

1980a, p. 42), isto é, um homem enraizado não só historicamente, mas acima

de tudo aquele que expressa sua humanização. Ele exercita sua liberdade,

assume as tarefas de seu tempo, reflete e analisa-as, posicionando-se

criticamente e tomando decisões que interferem e alteram a realidade. Faz

isso junto com os demais, em comunhão: dialoga e age.

Entretanto, o homem poderá situar-se num outro polo – o da adaptação e

o da acomodação – onde existirá como objeto: coisificado, desenraizado,

desumanizado. Situado nesse polo, o homem já não é mais capaz de alterar a

realidade, mas de ajustar-se a ela e para isso “altera-se a si para adaptar-se”

(FREIRE, 1980a, p. 42, nota 4). No entanto, poderá ainda apresentar uma débil

ação defensiva tentando preservar-se como sujeito humano. Isso se dá porque

frente a uma cultura de massificação desencadeada pela mídia, submetido ao

apelo da publicidade, perdido no excesso de informações e ainda sucumbindo

à força dos mitos, esse homem moderno já não tem como reconhecer sua

integridade e afoga-se no anonimato ou na minimização de seu próprio eu.

Freire desenvolveu essas ideias inspirando-se em Erich Fromm e em outros

autores que descreveram esse homem moderno esmagado por sentimentos de

impotência diante das catástrofes de seu tempo e do desamparo a que foi

lançado, sem saber bem o que queria, pensava ou sentia e ainda tolhido em

suas ações e palavras.

Sob essas condições, resta-lhe, então, ajustar-se “ao mandado de

autoridades anônimas e adota um eu que não lhe pertence” (FREIRE, 1980a, p.

44). Submete-se a uma “elite” que lhe apresenta o que fazer e, então, “afogase

no anonimato nivelador da massificação, sem esperança e sem fé,

domesticado e acomodado: já não é sujeito. Rebaixa-se a puro objeto.

Coisifica-se” (FREIRE, 1980a, p. 43). Dessa forma, o homem vai perdendo-se

a si e aos demais.

Ao não se reconhecer em suas condições de humanização, nem em suas

condições de revolucionário, não consegue colocar-se em favor dos

oprimidos, criticando e criando, refletindo, decidindo e transformando o

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