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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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solidário.16

De outro lado, uma sociedade na qual o povo é esmagado pelo poder

tende a sufocar o esforço de desenvolver a verdadeira solidariedade (FREIRE,

1976, p. 73 e 74), pois o silenciamento e a domesticação das massas

populares podem se dar tanto pela força como através de soluções

paternalistas. Ou seja, de um lado, quem está muito preocupado com o meio

de vida tem menos tempo disponível para o desenvolvimento intelectual e

participação nas práticas democráticas. Mas de outro lado, tal necessidade

pode suscitar a motivação de lutar por caminhos que valorizem o

conhecimento e a organização coletiva para gerar meios de vida digna de

forma solidária. Daí que, no lugar da “ética do mercado”, Freire afirma a

ética17 da solidariedade humana como grande força sobre a qual devemos

alicerçar a nova rebeldia. E condena veementemente a natureza antissolidária

intrínseca ao capitalismo: “A minha luta contra o capitalismo se funda aí, na

sua perversidade intrínseca, na sua natureza anti-solidária” (FREIRE, 1995, p.

70).

Por fim, vale ressaltar que a solidariedade na visão de Freire estende-se

para o entrelaçamento entre países do Sul, sem excluir dessa

interdependência os pobres dos países ricos. Ser solidário, para ele, é assumir

o ponto de vista dos “condenados da terra” (FREIRE, 2004, p. 14) em favor de

uma ética universal do ser humano.

Referências: FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. 1. ed. São Paulo: Olho D’água, 1995.

120 p; FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976;

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 29. ed. Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 2004; FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia

do oprimido. 3. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1994; FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 5. ed. Rio

de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

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