30.05.2021 Views

Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

SABER (Erudito/saber popular/saber de experiência)

Nilton Bueno Fischer e Vinícius Lima Lousada

A categoria saber ganha conotação variada na perspectiva dialética da

educação assumida por Paulo Freire. Na concepção “bancária” de educação,

o saber supostamente consiste e existe no conhecimento erudito ou científico,

sistematizado, a ser doado pelos supostos sábios às classes populares ou aos

educandos, considerados ignorantes, a fim de iluminarem seus saberes. No

saber do educando haveria insuficiência de saber.

Contudo, na concepção dialógica da educação, existem diferentes tipos de

saber, não hierarquizados, não merecendo ser classificados mecanicamente

como válidos ou inválidos. Dessa forma, são considerados relevantes os

saberes dos educandos inseridos no espaço escolar ou noutras alternativas em

educação, elaborados na vida cotidiana, ou seja, trata-se dos saberes de

experiência feitos que são elaborados na experiência existencial, na dialógica

da prática de vida comunitária em que estão inseridos, no circuito dialógico

“homens-mulheres-mundo”. Esse olhar compreensivo e reflexivo em torno

do saber popular, porém, nem ingênuo ou idealista, parte da proposição de

que: “Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta,

impaciente, permanente que os homens fazem no mundo, com o mundo e

com os outros” (FREIRE, 1987, p. 58).

Contrapondo a ação do educador elitista ou reacionário, aquele que ignora

o saber dos educandos ou das classes populares expõe o seu saber para eles

ou impõe uma lógica de ascendência dos conteúdos formais sobre o saber

destes, jamais se aventurando em saber “com eles”, Freire (2004, p. 28)

estabelece que o educador ou a educadora progressista deve ir transformando

a sua fala “ao em com o povo”. Tal atitude pedagógica implica o respeito ao

“saber de experiência feito”, necessário ponto de partida da ação educativa

problematizadora da realidade e, por isso, progressista.

Entretanto, respeitar os saberes prévios dos educandos, gerados em sua

prática social – no diálogo da subjetividade com a objetividade e nas trocas

conectivas entre as intersubjetividades dos homens e das mulheres –, não

significa a idealização do saber popular por parte do educador, mas,

precisamente, na percepção exigida pelo pensar certo de que não há estado

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!