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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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dimensão básica de sua ação reflexiva” (FREIRE, 1970b, p. 475). A

consciência crítica se dá em pensamentos e ações e “não é produzida apenas

por um esforço intelectual, mas por meio da práxis – por meio da unidade

autêntica de ação e reflexão” (p. 473).

Práxis revolucionária: A revolução exige ação no e sobre o mundo social.

Pessoas criticamente conscientes “assumem o papel de sujeitos na precária

aventura de transformar e recriar o mundo” (FREIRE, 1970b, p. 470). Freire

afirma que “todo projeto revolucionário é basicamente ‘ação cultural’ no

processo de tornar-se ‘revolução cultural’” (p. 470). Em um contexto em que

“as massas emudecidas” dentro de uma cultura do silêncio são “proibidas de

participar criativamente das transformações de sua sociedade”, a práxis é

simplesmente a reafirmação da ação humana rumo a um mundo mais humano

(FREIRE, 1970a, p. 213). A práxis educacional crítica ocorre em dois

contextos: (1) “no diálogo autêntico entre aprendentes” e (2) “na realidade

social em que os homens vivem” (FREIRE, 1970, p. 214). Esta práxis também

ocorre em dois níveis, o individual e o social, onde ocorrem “a transformação

das circunstâncias e, ao mesmo tempo, a autotransformação” (MARX, ENGELS

et al., 1998). Marx articula a prática revolucionária como “coincidência de

circunstâncias em mudança e da atividade humana ou autotransformação”

(LEBOWITZ, 2006, p. 65). A práxis revolucionária implica a denúncia da

opressão e o anúncio de novas possibilidades feitos de maneira crítica e

imaginativa contra as estruturas de opressão, incluindo a supremacia branca,

o imperialismo e o patriarcado.

Amor, violência e esperança: Amor, violência e esperança são todos

necessários para uma revolução freiriana fundamentada na educação. De

acordo com Freire, o amor “sempre estipula um projeto político, visto que um

amor pela humanidade que permaneça desassociado de uma política

libertadora presta um profundo desserviço a seu objeto” (MCLAREN, 2000, p.

171). Freire distingue entre a violência do opressor, que leva a uma revolução

e “é exercida a fim de expressar a violência implícita na exploração e

dominação”, e a violência do oprimido, que “é usada para eliminar a

violência mediante a transformação revolucionária da realidade” (FREIRE;

FREIRE, 1978, p. 34). Em última análise, o que guia a experiência da

revolução é a esperança, o “tempero indispensável em nossa experiência

humana, histórica. Sem ela, em vez da história teríamos puro determinismo”

(FREIRE, 1998, p. 69 apud MCLAREN, 2000).

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