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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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REVOLUÇÃO

Jenifer Crawford e Peter McLaren

Revolução significa revolver o governo ou a ordem social atual através de

uma derrubada forçada. A força de Freire é a da consciência, não a força

física, mas a emocional e intelectual. Uma revolução freiriana para a

libertação de povos oprimidos é possível quando as pessoas têm a

consciência de que são oprimidas e se engajam na práxis com a capacidade

crítica de denunciar a injustiça, imaginando e trabalhando para um mundo

melhor. O processo de aprendizagem é político e, quando feito criticamente

através de modelos problematizadores de educação, pode ser revolucionário.

De acordo com Freire, “as revoluções autênticas são empreendidas a fim de

libertar os homens, justamente porque os homens podem se saber oprimidos e

ter consciência da realidade opressora em que vivem” (FREIRE, 1970b, p.

476).

Consciência, uma condição necessária para a revolução: uma revolução

não violenta e popular rumo a um sistema mais igualitário pressupõe a

aquisição de novos pensamentos, novas maneiras de ver a sociedade e

compreender a posição que se ocupa nessa sociedade (FREIRE, 1972;

MCLAREN, 2000; MORREL, 2004). Freire chama o processo de adquirir hábitos

de reflexão e ação na busca da verdade de conscientização, que “é, antes de

mais nada, um esforço para esclarecer os homens a respeito dos obstáculos

que os impedem de ter uma percepção clara da realidade [...] [e] efetua a

expulsão de mitos culturais que confundem a consciência das pessoas e as

transformam em seres ambíguos” (FREIRE, 1970b, p. 476). Através do

processo de conscientização, ou de tornar criticamente consciente da verdade

de estruturas sociais opressoras, a pessoa que aprende e a pessoa que ensina

podem começar a se tornar criticamente conscientes e transcender “estados de

consciência semi-intransitivos e transitivos ingênuos” (FREIRE, 1970b, p.

473). A consciência crítica é um processo reiterativo constante. A “liderança

revolucionária necessita do povo a fim de tornar o projeto revolucionário uma

realidade, mas o povo, no processo de adquirir uma consciência crítica

crescente” constitui a revolução (p. 473). Freire nos lembra que “a

conscientização não é um charme mágico para os revolucionários, mas uma

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