Dicionario-Paulo-Freire-versao-1
REGISTROAna Lúcia Souza de FreitasPaulo Freire compreende o registro como instrumento de apoio à reflexãosobre a prática. Fundamentando-se na própria experiência com a escrita –caracterizada por ele como relatórios de práticas –, propõe que o hábito deregistrar seja incorporado pelos educadores/as no exercício crítico dereflexão. Dá ênfase às contribuições do registro para o desenvolvimento darigorosidade metódica. A obra Cartas a Guiné-Bissau: registros de umaexperiência em processo é um importante testemunho do que o autor propõe.Ladislau Dowbor, no prefácio da obra À sombra desta mangueira salientaque “Paulo não só escreve, como também pensa o seu ato de escrever, numpermanente distanciamento sobre si mesmo” (1995, p. 7). A obra Pedagogiada esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido aprofunda asrelações entre o ato de registrar e a experiência da reflexão. Didaticamente,apresenta a vivência do registro como modo de organizar as aprendizagensmobilizadas na reflexão sobre a prática.Elucidando seu percurso de teorização da experiência, Paulo Freire relatacomo escreveu, em quinze dias, os três primeiros capítulos da obraPedagogia do oprimido. Expressa seu entendimento sobre como o momentode escrever é precedido da oralidade. Narra, com detalhes, como as fichas deidéias foram utilizadas no exercício intermediário entre o registro da escutacotidiana e a escrita do texto publicado. Destaca também o valor da partilhano processo de teorização do vivido, ao referir o hábito de discutir seus textoscom grandes amigos.Outra importante obra a respeito do registro é Professora sim, tia não:cartas a quem ousa ensinar. As primeiras palavras tematizam o prazervivenciado em sua elaboração: “Não sei se quem leia este livro perceberá oprazer com que o escrevi” (1993, p. 5). Aliado ao prazer, o esforço deprodução do texto é atribuído pelo autor ao seu compromisso ético-político.A obra se destaca por ratificar o registro como uma exigência que decorre dacriticidade exercida no ato de estudar, o que demanda “a leitura da palavra e aleitura do mundo, leitura do texto e do contexto” (p. 33). Trata-se doaprofundamento da compreensão anterior, apresentada no texto
Considerações em torno do ato de estudar, acerca de que: “Estudar não é umato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las” (p. 12).Igualmente relevante é a obra Cartas a Cristina, cuja reflexão ratifica oprazer e o compromisso ético da produção intelectual, enfatizando o seucaráter político. O ato de registrar, enquanto princípio da teorização daexperiência, integra a tarefa política de escrever como modo de defesa dossonhos possíveis. Nas palavras do autor: “escrevo [...] porque gostaria deconvencer outras pessoas, sem a elas mentir, de que o sonho ou os sonhos deque falo, sobre que escrevo e porque luto, valem a pena ser tentados (1994, p.16).O registro como instrumento de reflexão é uma importante contribuiçãode Paulo Freire para o desenvolvimento da cultura da pesquisa (ver verbete)no ensino. Um estudo sobre o tema pode ser encontrado em Pedagogia daconscientização: um legado de Paulo Freire à formação de professores. Ovalor do registro como atitude crítica de formação com educadores/as é umdesafio à recriação dos princípios freirianos.Referências: DOWBOR, Ladislau. Prefácio. In: FREIRE; Paulo. À sombra desta mangueira. SãoPaulo: Olho D’Água, 1995; FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade – e outros escritos. 6. ed.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982; FREIRE, Paulo. Cartas à Cristina. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1994; FREIRE, Paulo. Cartas à Guiné-Bissau: registros de uma experiência em processo. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1984; FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogiado oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992; FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 22. ed. Rio deJaneiro: Paz e Terra, 1987; FREIRE, Paulo. Professora, sim; tia, não: cartas a quem ousa ensinar. SãoPaulo: Olho D’Água, 1993; REITAS, Ana Lúcia. Pedagogia da conscientização – um legado de PauloFreire à formação de professores. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001.
- Page 572 and 573: POSSIBILIDADESérgio Pedro HerbertP
- Page 574 and 575: PRÁXISRicardo RossatoTrata-se de u
- Page 576 and 577: visão tradicional de Aristóteles
- Page 578 and 579: respondendo ao destino de seu encon
- Page 580 and 581: sujeitos cognoscentes, educador, de
- Page 582 and 583: PROFESSOR (Ser)Maria Isabel da Cunh
- Page 584 and 585: visão de mundo, que extrapola sua
- Page 586 and 587: necessariamente, mas o que pode e d
- Page 588 and 589: PRONUNCIAR O MUNDOFabio da Purifica
- Page 590 and 591: pronunciam o mundo, não pode ser d
- Page 592 and 593: meus ouvidos ouvirão mais;meus olh
- Page 594 and 595: QUERER BEMCleoni FernandesFreire, e
- Page 596 and 597: vivemos no risco da transgressão d
- Page 598 and 599: RRACISMOAline Lemos da CunhaAlgumas
- Page 600 and 601: sendo assim, ao tratar o outro como
- Page 602 and 603: produção (MARX, ENGELS et al., 19
- Page 604 and 605: REALIDADEMoacir GadottiPaulo Freire
- Page 606 and 607: conhecer a realidade que buscam tra
- Page 608 and 609: REBELDIA/REBELIÃOCheron Zanini Mor
- Page 610 and 611: (2000a) e em Pedagogia da indignaç
- Page 612 and 613: RECIFEAna Maria Araújo Freire (Nit
- Page 614 and 615: na sua vida de menino, de jovem e d
- Page 616 and 617: fui estranheza....Recife, cidade mi
- Page 618 and 619: Santiago, fevereiro 69.Paulo Freire
- Page 620 and 621: saúde (IBGE, 2003). É graças ao
- Page 624 and 625: REINVENTAR/REINVENÇÃOAfonso Celso
- Page 626 and 627: RELIGIÃO/RELIGIOSIDADEAldino Luiz
- Page 628 and 629: mais holística, na Pedagogia da es
- Page 630 and 631: sistema, mas sim deverá estar comp
- Page 632 and 633: dimensão básica de sua ação ref
- Page 634 and 635: RIGOR/RIGOROSIDADEDanilo R. StreckN
- Page 636 and 637: 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 198
- Page 638 and 639: nas ocorrências em que nos movemos
- Page 640 and 641: esquemas “teóricos” montados e
- Page 642 and 643: SABER (Erudito/saber popular/saber
- Page 644 and 645: SAUDADEAna Maria SaulEm livros de P
- Page 646 and 647: SER MAISJaime José ZitkoskiA voca
- Page 648 and 649: que atrofiam seu potencial e desvir
- Page 650 and 651: meditações profundas em que os ho
- Page 652 and 653: Fica decretado que os homensestão
- Page 654 and 655: dos participantes enquanto observad
- Page 656 and 657: SITUAÇÕES-LIMITESCecília Irene O
- Page 658 and 659: realidade, problematizando-o e apre
- Page 660 and 661: se a construção de um desenvolvim
- Page 662 and 663: SOLIDARIEDADETelmo AdamsO ponto de
- Page 664 and 665: SONHO POSSÍVELAna Lúcia Souza de
- Page 666 and 667: SUBJETIVIDADE/OBJETIVIDADEJosé Fer
- Page 668 and 669: A subjetividade como perspectiva pr
- Page 670: mundo e a realidade que o cerca, ju
REGISTRO
Ana Lúcia Souza de Freitas
Paulo Freire compreende o registro como instrumento de apoio à reflexão
sobre a prática. Fundamentando-se na própria experiência com a escrita –
caracterizada por ele como relatórios de práticas –, propõe que o hábito de
registrar seja incorporado pelos educadores/as no exercício crítico de
reflexão. Dá ênfase às contribuições do registro para o desenvolvimento da
rigorosidade metódica. A obra Cartas a Guiné-Bissau: registros de uma
experiência em processo é um importante testemunho do que o autor propõe.
Ladislau Dowbor, no prefácio da obra À sombra desta mangueira salienta
que “Paulo não só escreve, como também pensa o seu ato de escrever, num
permanente distanciamento sobre si mesmo” (1995, p. 7). A obra Pedagogia
da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido aprofunda as
relações entre o ato de registrar e a experiência da reflexão. Didaticamente,
apresenta a vivência do registro como modo de organizar as aprendizagens
mobilizadas na reflexão sobre a prática.
Elucidando seu percurso de teorização da experiência, Paulo Freire relata
como escreveu, em quinze dias, os três primeiros capítulos da obra
Pedagogia do oprimido. Expressa seu entendimento sobre como o momento
de escrever é precedido da oralidade. Narra, com detalhes, como as fichas de
idéias foram utilizadas no exercício intermediário entre o registro da escuta
cotidiana e a escrita do texto publicado. Destaca também o valor da partilha
no processo de teorização do vivido, ao referir o hábito de discutir seus textos
com grandes amigos.
Outra importante obra a respeito do registro é Professora sim, tia não:
cartas a quem ousa ensinar. As primeiras palavras tematizam o prazer
vivenciado em sua elaboração: “Não sei se quem leia este livro perceberá o
prazer com que o escrevi” (1993, p. 5). Aliado ao prazer, o esforço de
produção do texto é atribuído pelo autor ao seu compromisso ético-político.
A obra se destaca por ratificar o registro como uma exigência que decorre da
criticidade exercida no ato de estudar, o que demanda “a leitura da palavra e a
leitura do mundo, leitura do texto e do contexto” (p. 33). Trata-se do
aprofundamento da compreensão anterior, apresentada no texto