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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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REBELDIA/REBELIÃO

Cheron Zanini Moretti

Na obra freiriana, a rebeldia é tratada em sua acepção positiva, ou seja,

como parte de um processo de transitividade de consciência e de transição

para outra sociedade. Podemos chamá-la de um “conceito-ação” que se

legitima, se autentica a partir de uma prática educativa que se constitui numa

“tentativa constante de mudança de atitude” (FREIRE, 1996, p.101). Observase

que para Freire (2000a; 2000b) rebeldia e revolução não são sinônimos;

para ele, a rebeldia precisa ser educada para que tome, portanto, dimensões

transformadoras, revolucionárias e não tenha um fim em si mesmo.

Em Educação como prática para a liberdade (1996), mais precisamente

no capítulo “Educação versus massificação”, o educador procura debater uma

proposta, no campo da pedagogia, às condições apresentadas na fase de

transição em que a sociedade brasileira se encontrava; sobretudo; procurava

trazer elementos de diálogo e de resposta crítica, de inserção no processo de

democratização. Logo, faz-nos compreender uma relação estreita entre

“emersão” e participação e entre “imersão” e passividade dos sujeitos

implicados no processo da sociedade em mudança. É nessa obra que Paulo

Freire apresenta a categoria conscientização. Assim, suas reflexões sobre a

educação se defrontam com um contexto de emersão popular sem que

práticas de participação democráticas tivessem consolidadas; portanto, ainda,

presente um quadro de massificação em que homens e mulheres deixam de

assumir posturas conscientemente críticas sobre sua realidade. No entanto,

desvelava o que considerava uma educação que lhes possibilitasse uma

“discussão corajosa de sua problemática [...] educação que colocasse em

diálogo constante com o outro [...] à análise crítica de seus ‘achados’. A uma

certa rebeldia, no sentido mais humano da expressão” (1996, p. 98). Tratavase

de pensar uma educação e uma pedagogia que fossem capazes de colocar

os homens e as mulheres brasileiras em “condições de resistir aos poderes, de

armá-los contra” (FREIRE, 1996). Para tanto, dedicou parte desse capítulo a

explicitar essa proposta educativa, cujas dimensões críticas e critizadoras se

relacionam com um processo de transição de uma conscientização ingênua a

uma conscientização transitiva crítica. No Brasil, segundo Freire (1996), a

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