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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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conhecer a realidade que buscam transformar” (FREIRE, 1977, p. 16).

No livro Cartas a Cristina diz que a realidade o obrigou a ler Marx. Não

foi o contrário: não leu primeiro Marx para, depois, entender a realidade. A

realidade o levou a ler Marx. Os temas que perseguirá durante toda sua vida

nasceram no jovem Freire: a “mutabilidade do mundo” (p. 199), o papel da

democracia na mutabilidade do mundo, o gosto da liberdade e a vocação

humana a “ser mais” (p. 198).

A libertação situa-se no horizonte de uma visão utópica da sociedade e do

papel da educação. A educação e a formação, devem permitir uma leitura

crítica do mundo. O mundo que nos rodeia é um mundo inacabado e isso

implica a denúncia da realidade opressiva, da realidade injusta (inacabada), e,

consequentemente, a crítica transformadora, o anúncio de outra realidade. O

anúncio é necessário como um momento de uma nova realidade a ser criada.

Essa nova realidade do amanhã é a utopia do educador de hoje.

O que mais preocupava Paulo Freire nos últimos anos era o avanço da

globalização capitalista neoliberal. O neoliberalismo age como se a

globalização atual fosse uma realidade definitiva e não uma categoria

histórica. Por que ele atacava tanto o pensamento e a prática neoliberal?

Porque o neoliberalismo é visceralmente contrário ao núcleo central do

pensamento de Paulo Freire que é a utopia. Enquanto o pensamento freiriano

é utópico, o pensamento neoliberal abomina o sonho. Para Paulo Freire o

futuro é possibilidade. Para o neoliberalismo o futuro é uma fatalidade. O

neoliberalismo apresenta-se como única resposta à realidade atual,

desqualificando qualquer outra proposta. Desqualifica principalmente o

Estado, os Sindicatos e os Partidos Políticos. Denuncia a política fazendo

política. Não há nenhuma realidade senhora dela mesma.

A educação e a formação devem permitir uma leitura crítica do mundo. O

mundo que nos rodeia é um mundo inacabado e isso implica a denúncia da

realidade opressiva, da realidade injusta (inacabada) e, consequentemente, de

crítica transformadora, portanto, de anúncio de outra realidade. O anúncio é

necessário como um momento de uma nova realidade a ser criada. Essa nova

realidade do amanhã é a utopia do educador de hoje.

Referências: FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade: e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz

e Terra, 1976; FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 18. ed.

São Paulo: Cortez, 1989; FREIRE, Paulo. Cartas a Cristina. 1. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.

334 p; FREIRE, Paulo. Cartas a Guiné-bissau: registros de uma experiência em processo. 1. ed. Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 1977; FREIRE, Paulo. Educação como pratica da liberdade. 22. ed. Rio de

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