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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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RADICALIDADE/EDUCAÇÃO RADICAL

Jenifer Crawford e Peter McLaren

As intervenções educacionais radicais são críticas, autorreflexivas e

rejeitam o modelo colonial que doutrina povos não dominantes com a cultura

dominante. Freire começa a partir de “uma posição radical: a da recusa a

qualquer tipo de solução ‘empacotada’ ou pré-fabricada, a qualquer tipo de

invasão cultural” (FREIRE; FREIRE, 1978). Analisar os efeitos alienantes da

sociedade, as relações da produção com a aprendizagem e contestar a

opressão colonial, tudo isso faz parte do radicalismo do projeto de educação

de Freire. Ele usa vários nomes para designar o processo de conscientização

crítica a respeito do sistema opressor e nossa implicação nele, incluindo:

educação problematizadora (FREIRE, 1972), círculos cultura, alfabetização

libertadora e ação cultural (FREIRE, 1970).

A vida e os escritos de Paulo Freire são movidos por seu inabalável

compromisso com o radicalismo e em pôr fim à situação social de opressão

através da educação. João Goulart, presidente do Brasil em 1961, reconheceu

publicamente os efeitos democráticos e empoderadores do programa de

alfabetização rural de Freire. Goulart foi deposto por um golpe militar em

1964. Freire foi acusado de ser subversivo, preso durante 70 dias e então

exilado para a Bolívia, de onde partiu, logo depois, para o Chile (GADOTTI,

1994).

A concepção freiriana das práticas pedagógicas dominantes, do que ele

chama de educação bancária e concepção digestiva de alfabetização, ecoa a

teoria marxista da alienação, quando Freire designa seus efeitos como

estruturalmente violentos, entorpecedores, desumanizantes, alienantes e

opressivos (FREIRE, 1970). Alienação, como termo filosófico, foi usado pela

primeira vez por Hegel na Fenomenologia do espírito (HEGEL, 1967). Uma

interpretação do emprego de alienação por parte de Hegel é que o ser humano

está em um processo circular de alienação e desalienação (1807). Feuerbach

(1957) afirma que o ser humano está alienado de si mesmo quando cria Deus.

Nos Manuscritos econômicos e filosóficos de 1844, em seu ensaio “Trabalho

alienado”, Marx explica que “todo homem está alienado do outro e cada um

dos outros está igualmente alienado da vida humana” pelas relações de

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