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R

RACISMO

Aline Lemos da Cunha

Algumas passagens na obra de Freire destacam de forma explícita sua

indignação diante das atitudes racistas que estão imbricadas nas relações

sociais. Em outras, é possível compreender que, mesmo sem tratar

especificamente do tema, Freire se manifesta de forma a “co-laborar“ com

essa discussão.

Em Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa,

Freire salienta que “faz parte igualmente do pensar certo a rejeição mais

decidida a qualquer forma de discriminação” (2004, p. 36) no que estão

incluídas as manifestações racistas.

Destaca que práticas discriminatórias como as que envolvem racismo,

ofendem “a substantividade do ser humano” e negam radicalmente a

democracia (2004, p. 36). Freire insiste que aquele/a que se torna machista,

racista, classista precisa assumir que é um/a transgressor/a da natureza

humana (2004, p. 60). Em consonância com Freire, Santos (1989, p. 39)

destaca que “o racismo não faz parte da ‘natureza humana’”; é uma

“instituição irracional de prolongada duração” (1989, p. 39) assim como a

guerra.

Nesse caminho, o racismo para Freire está entre as manifestações dos

discursos fatalistas que resumem homens e mulheres em meras coisas. Em

Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos, Freire retoma

essa postura ao denunciar a forma “desgentificada” com a qual agiram os

cinco adolescentes que declararam estar “brincando” ao atear fogo no índio

Galdino (2000, p. 66). Salienta que “ofendendo a vida, explorando os outros,

discriminando o índio, o negro, a mulher não estarei ajudando meus filhos a

ser sérios, justos e amorosos da vida e dos outros” (2000, p. 67) – no que

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