Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

silvawander2016
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visão de mundo, que extrapola sua condição de professar e acompanha acultura e o contexto de seus alunos.O educador libertador nunca pode manipular seus alunos e tampoucoabandoná-los à própria sorte [...] assume um papel diretivo necessáriopara educar. Essa diretividade não é uma posição de comando... mas umapostura para dirigir um estudo sério sobre algum objeto, pelo qual osalunos reflitam sobre a intimidade de existência do objeto (1986, p. 203).Referências: FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996; FREIRE,Paulo. Professora sim, tia não. Cartas a quem ama ensinar. São Paulo: Olho D’água, 1995; FREIRE,Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia – o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

PROFETISMO (Freiriano)Gomercindo Ghiggi e Martinho KavayaNa perspectiva freiriana, “profetismo” não significa apenas falar em nomedos proibidos de ser. É um conceito que remete à luta com os oprimidos, paraque possam dizer sua palavra, que é fazer a história. As classes oprimidasdizem sua palavra quando, tomando a história em suas mãos, abalam sistemasopressores. É na práxis revolucionária que as classes dominadas aprendem apronunciar seu mundo, descobrindo e atuando sobre as razões de seu silêncio(FREIRE, 2002, p. 150), tarefa da atitude profética. Para Freire, ser profetasupõe ser trabalhador da esperança (FREIRE, 2006, p. 220). O profeta,enraizado no mundo que vê, escuta, percebe, raiz do exercício de sua prática,é o ser atento aos sinais para compreender antigas e novas opressões epossibilidades de libertação. É uma perspectiva de resistência e rebeldia,fundante da prática profética. A resistência é a vocação para o ser mais,expressão da sua humanidade. Não é na resignação, mas na rebeldia que seafirma o trabalho profético (FREIRE, 2007, p. 78). A rebeldia é a deflagraçãoda justa ira; enquanto denúncia, a rebeldia precisa se alongar na posiçãorevolucionária, fundamentalmente anunciadora do mundo que deve ser.A mudança do mundo implica a dialética atuação entre a denúncia(desumanização) e o anúncio (humanização). Segundo Freire, os humanossão ontologicamente convocados a serem profetas, portadores da denúncia eda esperança (2001, p. 28; 2006, p. 220). Por isso, ser profeta é anunciar edenunciar, compromisso permanente com a luta pela transformação domundo, por essa razão, os opressores não podem ser profetas. As maioriasestão proibidas de uma compreensão mais crítica da sociedade, não porquesejam naturalmente incapazes, mas por estarem sendo proibidas de ser.A alternativa posta pelos opressores é a propaganda, e não o esforçocrítico para que homens e mulheres se assumam sujeitos curiosos,indagadores, em processo de busca, de desvelamento da raison d’être dascoisas (2006, p. 106). Uma das tarefas primordiais da pedagogia doprofetismo é o trabalho contra a força da ideologia fatalista, que estimula aimobilidade e a acomodação à realidade opressora (2000, p. 23).Para Freire, a beleza do anúncio profético não está em anunciar o que virá

visão de mundo, que extrapola sua condição de professar e acompanha a

cultura e o contexto de seus alunos.

O educador libertador nunca pode manipular seus alunos e tampouco

abandoná-los à própria sorte [...] assume um papel diretivo necessário

para educar. Essa diretividade não é uma posição de comando... mas uma

postura para dirigir um estudo sério sobre algum objeto, pelo qual os

alunos reflitam sobre a intimidade de existência do objeto (1986, p. 203).

Referências: FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996; FREIRE,

Paulo. Professora sim, tia não. Cartas a quem ama ensinar. São Paulo: Olho D’água, 1995; FREIRE,

Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia – o cotidiano do professor. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986.

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