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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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PROFESSOR (Ser)

Maria Isabel da Cunha

Para Freire a docência se constrói, pois a condição de tornar-se professor

se estabelece num processo, não apenas a partir de uma habilitação legal.

Envolve a consciência da sua condição em ação. Diz Freire, refletindo sobre

sua trajetória, que “ser professor tornou-se uma realidade para mim, depois

que comecei a lecionar; tornou-se uma vocação depois que comecei a fazêlo”

(p. 39). Essa posição explicita que o exercício profissional é que constitui

o sujeito professor na medida em que essa constituição exige a reciprocidade

de seus alunos e do contexto em que atua. Entretanto essa postura não

significa a desconsideração da teoria e da reflexão, pois, ao vincular emoção

e razão, Freire relata que aprendeu “como ensinar na medida em que mais

amava ensinar e mais estudava a respeito” (1986, p. 38). Diz ele que “a

responsabilidade ética, política e profissional do ensinante lhe coloca o dever

de se preparar, de se capacitar, de se formar antes mesmo de iniciar sua

atividade docente” (FREIRE, 1995, p. 28).

Como é de seu estilo e acentuando a coerência com suas ideias, Freire

enriquece seus escritos com a reflexão de sua própria prática, especialmente

quando se dirige aos professores. Nesse sentido, seus textos seguem um estilo

coloquial, uma espécie de diálogo como outro o consigo mesmo.

Quando comecei a lecionar para estudantes trabalhadores, eu queria

transferir meu próprio conhecimento para eles. Percebes qual o

problema? Ingenuamente impunha sobre eles a minha própria

experiência. Não sabia o que era inventar o conhecimento de maneira

crítica com eles, a partir de sua posição na sociedade. (1986, p. 30)

Compreender a condição intelectual e política do professor foi traço

característico de sua obra, quando destacou estar:

[...] convencido de que os educadores libertadores não são missionários,

não são técnicos, não são meros professores. Têm de se tornar, cada vez

mais, militantes! Devem ser militantes no sentido político dessa palavra.

Algo mais que um ativista. Um militante é um ativista crítico. (1986, p.

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