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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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sujeitos cognoscentes, educador, de um lado, educandos, de outro, a

educação problematizadora coloca, desde logo, a exigência da superação

da contradição educador x educando. Sem esta, não é possível a relação

dialógica, indispensável à cognoscibilidade dos sujeitos cognoscentes, em

torno do mesmo objeto cognoscível. (Freire 2003, p. 68)

Na afirmação acima podemos constatar que, para Freire, a atitude do

sujeito do conhecimento diante do objeto deve ser sempre de questionamento,

de dúvida, de não aceitação passiva do saber que existe sobre o objeto. No

entender de Freire, o sujeito só pode aprender efetivamente se for ativo, se

agir problematizando o que vê, ouve, percebe.

Nessa mesma passagem, podemos identificar o segundo sentido que

Freire atribui ao termo “problematização” quando ele insiste na necessidade

de que o conhecimento seja produzido dialogicamente ou

comunicativamente. Nesse aspecto, o autor assume uma postura radical,

afirmando que fora de uma educação problematizadora não é possível chegar

a um conhecimento autêntico, libertador. Com efeito, para o autor, a atitude

problematizadora é uma exigência central para o surgimento de um

conhecimento verdadeiro e, concomitantemente, de um indivíduo autônomo e

livre. A atitude de problematizar é uma exigência que nasce da condição

antropológica do ser humano. Por isso, problematizar implica perguntar, e

perguntar não é apenas um ato de conhecimento, mas um ato que realiza a

existência humana: “A existência humana é, porque se faz perguntando, a

raiz da transformação do mundo. Há uma radicalidade na existência, que é a

radicalidade do ato de perguntar”(FREIRE, 1985, p. 51).

A libertação das pessoas depende do desenvolvimento dessa capacidade.

Por isso Freire propõe uma prática pedagógica problematizadora como

condição para a libertação do aluno e para o surgimento de uma nova prática

social e política. Segundo o autor, o sujeito do conhecimento que

problematiza o que percebe modifica não só a ele, sujeito do conhecimento,

mas também o objeto ou a realidade que está conhecendo. Tanto o sujeito que

conhece quanto o objeto que é conhecido passam a ter outra configuração e

outro sentido.

O que Freire quer demonstrar é a atitude problematizadora decorrente da

natureza dialógica do ser humano. O ser humano, como ser finito, inconcluso,

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