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PROBLEMATIZAÇÃO

Eldon Henrique Mühl

O termo “problematização” aparece em inúmeras passagens das obras de

Paulo Freire. Em Pedagogia do oprimido, ele utiliza a denominação

“educação problematizadora” como sinônimo da “educação libertadora”, em

oposição à “educação bancária” (2003, p. 62). Afirma que a educação

problematizadora serve à libertação, enquanto a bancária serve à dominação.

Enquanto a primeira promove a humanização e produz o pensar autêntico, a

segunda é domesticadora e produz uma falsa visão do homem e do mundo.

Em outra obra, Conscientização, o termo “problematização” é definido por

Freire como o terceiro passo de seu método de alfabetização, antecedido pela

investigação temática e pela tematização. A problematização compreende o

momento do desenvolvimento de uma consciência crítica sobre os temas em

debate pela identificação de situações desafiadoras ou de problemas

concretos que envolvam a vida dos alafabetizandos (FREIRE, 1979a, p. 43-44).

Por essas colocações iniciais podemos perceber que o termo

“problematização” não tem um sentido unívoco em Freire. Às vezes, o autor

o entende como um método de conhecimento e de aprendizagem e, outras

vezes, como uma atitude inerente à “essência do ser da consciência”(2003, p.

66), como condição ontológica que torna possível a ação intencional do

sujeito e o leva a se posicionar de maneira ativa diante dos objetos e dos

acontecimentos do mundo. Ou seja, o termo “problematização” tem, pelo

menos, dois sentidos importantes: um epistemológico e outro antropológico,

ou ontológico. No sentido epistemológico, ele fundamenta uma forma de

conceber o conhecimento e, de modo especial, de agir com os objetos do

conhecimento. Esse modo de agir e conceber os objetos significa que estes

não têm um fim instituído em si mesmos e que o conhecimento que deles

obtemos é apenas uma dimensão da mediação que se estabelece entre sujeitos

que conhecem. Tal concepção pode ser identificada em Freire quando ele

escreve:

Como situação gnosiológica, em que o objeto cognoscível, em lugar de

ser o término do ato cognoscente de um sujeito, é mediatizador de

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