Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

silvawander2016
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30.05.2021 Views

possibilidade de uma vida menos feia para todos e todas.Buscar um conhecimento para uma vida decente é procurar pela própriahistória da educação enquanto instituição que contribuiu para a cristalizaçãodo modelo preconizado pela modernidade e, a partir do compromissoarticulado no e com o mundo, construirmos sua superação, apontando parauma escola possível e viável para as classes populares.Por isso, a educação é um ato político, porque está a serviço de uns e nãode outros. Nossa opção, portanto, pela educação progressista, reconhece-acomo não neutra, encharcada de autoridade e compromisso com as classespopulares, no reconhecimento do nosso lugar histórico onde nos situamos ebuscamos ser mais.Necessitamos, por isso, de uma educação para a decisão, para aaprendizagem da responsabilidade política e social (FREIRE, 1981), filiada aosaber democrático e participativo e não para servir ao autoritarismo quefomenta a opressão e professa a alienação como se vivêssemos num mundodeterminado e a-político.Somos sujeitos sociais, e, portanto, nossas aprendizagens acontecem apartir da interação no e com o mundo. Somos seres de interrelação. A escola,ao negar isso, nega também nossa humanidade; por isso, recriá-la é nossatarefa. Promover vivências de solidariedade, fraternidade e democracia énossa luta cotidiana, para que possa pulsar vida humana dentro da escola.Faz parte da função social da escola crítica, a partir da realidade, dacultura da classe trabalhadora, conhecer como homens e mulheres dãosignificado ao mundo e para além de suas próprias referências,compreenderem-se e transgredirem(-se) (GIROUX, 1997) a fim de usarem aresistência em favor da consciência política e da ação social.Então, desassossego, indignação ou qualquer outra palavra que valha osentimento de buscarmos outro projeto de humanidade, na perspectivalibertadora, onde se assume a luta pela construção de alternativas possíveis, éo compromisso dos homens e das mulheres que lutam pela inversão,transgressão, reinvenção da escola que, descomprometida com as classespopulares, produziu uma instituição que buscou a mera transmissão deconhecimentos, ao invés da construção da cidadania, da democracia e daemancipação.A educação como ato político compreende a existência dos váriosprojetos que estão em disputa na sociedade, bem como a opção que fazemos

na defesa de um, e não de outro. Reconhece também o diálogo comoconsequente dimensão do direito de dizer a palavra e do respeito ao outro.[...] é neste sentido também que, tanto no caso do processo educativoquanto no do ato político, uma das questões fundamentais seja a clarezaem torno de a favor de quem e do quê, portanto contra quem e contra o quê,fazemos a educação e de a favor de quem e do quê, portanto contra quem econtra o quê, desenvolvemos a atividade política. Quanto mais ganhamosesta clareza através da prática, tanto mais percebemos a impossibilidadede separar o inseparável: a educação da política. (Freire, 1987, p. 27,grifos do autor)Referências: FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler; em três artigos que se completam. SãoPaulo: Autores Associados/Cortez, 1987. (Coleção Polêmicas do nosso tempo, v. 4); FREIRE, Paulo.Educação como prática da liberdade. 12. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981; FREIRE, Paulo.Educação e mudança. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979; FREIRE, Paulo. Pedagogia daautonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996; FREIRE, Paulo.Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. 6. ed. Rio de Janeiro: Paz eTerra, 1999; GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica daaprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997; SANTOS, Boaventura de Sousa. A crítica da RazãoIndolente: contra o desperdício da experiência. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2001; TOURAINE, Alain.Crítica da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1999.

possibilidade de uma vida menos feia para todos e todas.

Buscar um conhecimento para uma vida decente é procurar pela própria

história da educação enquanto instituição que contribuiu para a cristalização

do modelo preconizado pela modernidade e, a partir do compromisso

articulado no e com o mundo, construirmos sua superação, apontando para

uma escola possível e viável para as classes populares.

Por isso, a educação é um ato político, porque está a serviço de uns e não

de outros. Nossa opção, portanto, pela educação progressista, reconhece-a

como não neutra, encharcada de autoridade e compromisso com as classes

populares, no reconhecimento do nosso lugar histórico onde nos situamos e

buscamos ser mais.

Necessitamos, por isso, de uma educação para a decisão, para a

aprendizagem da responsabilidade política e social (FREIRE, 1981), filiada ao

saber democrático e participativo e não para servir ao autoritarismo que

fomenta a opressão e professa a alienação como se vivêssemos num mundo

determinado e a-político.

Somos sujeitos sociais, e, portanto, nossas aprendizagens acontecem a

partir da interação no e com o mundo. Somos seres de interrelação. A escola,

ao negar isso, nega também nossa humanidade; por isso, recriá-la é nossa

tarefa. Promover vivências de solidariedade, fraternidade e democracia é

nossa luta cotidiana, para que possa pulsar vida humana dentro da escola.

Faz parte da função social da escola crítica, a partir da realidade, da

cultura da classe trabalhadora, conhecer como homens e mulheres dão

significado ao mundo e para além de suas próprias referências,

compreenderem-se e transgredirem(-se) (GIROUX, 1997) a fim de usarem a

resistência em favor da consciência política e da ação social.

Então, desassossego, indignação ou qualquer outra palavra que valha o

sentimento de buscarmos outro projeto de humanidade, na perspectiva

libertadora, onde se assume a luta pela construção de alternativas possíveis, é

o compromisso dos homens e das mulheres que lutam pela inversão,

transgressão, reinvenção da escola que, descomprometida com as classes

populares, produziu uma instituição que buscou a mera transmissão de

conhecimentos, ao invés da construção da cidadania, da democracia e da

emancipação.

A educação como ato político compreende a existência dos vários

projetos que estão em disputa na sociedade, bem como a opção que fazemos

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