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POLÍTICA

Daianny Costa

Para Paulo Freire homens e mulheres distinguem-se dos animais pelo fato

de estarem no e com o mundo, por serem gente de relação, históricos e

inacabados, por isso, debruçam-se a conhecer a realidade, produzindo cultura

(1979, p. 30).

“Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado

mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele. Esta é a

diferença profunda entre o ser condicionado e o determinado” (FREIRE, 1996,

p. 59). Nisso reside nossa condição política.

Na condição de sujeito histórico e político, foi produzindo uma obra que

buscou a compreensão da sociedade moderna na qual estava inserido, ou seja,

reconheceu a luta de classes e a consequente produção de oprimidos e

opressores, como construto humano e, por isso, capaz de ser reinventado por

meio da consciência política, da libertação do opressor existente em cada um

de nós (FREIRE, 1999).

A denúncia de uma sociedade calcada na desigualdade, fruto da

modernidade, que supervaloriza o binômio – racionalização e subjetivação –

(TOURAINE, 1999) encontra na produção de Freire seu caráter político

libertador; político-ideológico, pois homens e mulheres fazem parte de uma

estrutura social que sofre, permanentemente, suas contradições.

Como não poderia ser diferente, o momento histórico que vivemos não

está desarticulado do já vivido. É por esse motivo que nos debruçamos a

pensar sobre as possibilidades de construirmos saídas aos modelos criados

pela modernidade. Ter clareza de que nos movemos ainda por dentro das

estruturas modernas é uma possibilidade viável de recriação.

Boaventura de Sousa Santos (2001) ajuda-nos a compreender este novo

momento histórico vivido pela humanidade como “paradigma emergente” –

“um conhecimento prudente para uma vida decente”, que se constrói a partir

da degradação do modelo vivido, principalmente no nosso último século.

Afinal, estamos envolvidos pela contradição que caracteriza nossos tempos.

De fato, parece que conhecimento, decência, vida, entre outros, são conceitos

desgastados pela falácia cotidiana do capitalismo. É necessário recriar a

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