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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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Nesse processo investigativo, de trabalho em equipe multidisciplinar,

dialógico, comunicativo, conscientizador, criativo, de encadeamento dos

temas significativos e interpenetração dos problemas, não podemos ter os

seres humanos como objeto desta, mas sim seus pensamentos-linguagens e

níveis de percepção referidos à realidade, suas visões de mundo, em que se

encontram envolvidos seus temas geradores que desejamos apreender. Dito

de outra forma, a investigação é em torno desses temas, e não sobre suas

existências ou não. Isso implica assumi-la como investigação da temática

significativa, contraditória por natureza existencial. Portanto, investigadores e

seres humanos de uma determinada realidade concreta se tornam sujeitos da

investigação.

Do ponto de vista educacional dialógico, quanto mais assumam os

sujeitos uma conduta ativa na investigação de sua temática, tanto mais se

aprofundam suas conscientizações em torno da realidade e, explicitando sua

temática significativa, apropriam-se dela (FREIRE, 1970). Em outras palavras,

“educação e investigação temática, na concepção problematizadora da

educação, se tornam momentos de um mesmo processo” (FREIRE, 1970, p.

58, grifos nossos). Essa participação, além de não prejudicar a objetividade

da investigação, potencializa que os achados da mesma sejam incorporados

como objetos educacionais dos envolvidos. Nesse processo investigativo é

essencial o investigador profissional verificar indicadores empíricos dos

núcleos centrais de contradições, relacionados com a transformação dos

modos de perceber a realidade, pois, quanto mais pedagógica se fizer, mais

crítica será para os envolvidos. Portanto, investigação e pesquisa, precisam

ser caracterizadas como interação simpática, constituindo-se em comunicação

entre sujeitos em permanente vir a ser, interagindo dialogicamente em torno

do conjunto das contradições apreendidas processualmente. É neste contexto

que ocorrem os círculos de investigação temática (grupos de trabalho de no

máximo vinte participantes), através da dinâmica dialógico-problematizadora

codificação-descodificação.

Esperamos ter deixado claro que, na perspectiva educacional freiriana,

não é possível dividir em dois, os momentos do processo de investigação

temática e da ação como síntese cultural. Ou seja, ensinar dialógica e

problematizadoramente, implica investigar e agir simultaneamente com os

envolvidos no processo educativo. Atualmente falamos de ensinoinvestigação-aprendizagem,

nas modalidades presencial e a distância,

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