Dicionario-Paulo-Freire-versao-1
qualquer condição para estabelecermos relações autenticamenteintersubjetivas e construirmos projetos humanos amorosos e solidários paracom a alteridade que irrompe na história.Referências: FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 2007; FREIRE,Paulo. Pedagogia da esperança. São Paulo: Paz e Terra, 1994; FREIRE, Paulo. Pedagogia dooprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1993.
PERGUNTACristóvão Domingos de Almeida e Danilo R. StreckA pergunta constitui o centro da “concepção problematizadora daeducação” que, em Pedagogia do oprimido, Paulo Freire contrapõe à“concepção bancária da educação”. A primeira se caracteriza pela abertura doser humano ao mundo e ao outro, enquanto a segunda se funda numa postura“fixista” ou “imobilista” (FREIRE, 2005, p. 83). A própria humanização,colocada como meta na pedagogia freiriana, tem como pressuposto acondição de homens e mulheres se colocar a si mesmos como problema e aconstantemente redescobrir o seu “posto no cosmo” (FREIRE, 2005, p. 31).A pergunta parte da curiosidade, sem a qual não pode haver verdadeiraprodução do conhecimento. Freire a compreende como uma dimensãoontológica, vinculada à práxis do sujeito. A curiosidade está associada à açãoe à reflexão dos “sujeitos comunicantes” e é nessa relação dialética que serealiza a indagação. No fundo, a curiosidade é uma pergunta (FREIRE;FAUNDEZ, 2002, p. 46). A pergunta, nesse sentido, é indispensável aoprocesso educativo, não como objeto de respostas do professor, mas naqualidade de codificação da realidade que constitui novo elemento mediadorentre sujeitos que se propõe a conhecer. Perguntas que se colocam comodesafios dentro da situação gnosiológica surgem em ambiente de liberdade ede criatividade. Na educação bancária, prática educativa que coíbe acuriosidade e teme a manifestação das perguntas, o educador age comonarrador de conteúdos, doador de respostas previamente elaboradas e prontaspara ser memorizadas, dificultando o pensar certo, autêntico e crítico doeducando. O pensar crítico qualifica a pergunta como meio de transformar arealidade e humanizar as relações socais. Portanto, “quanto mais crítico, maisdemocrático [...] quanto menos crítico, mais ingenuamente discutimos osassuntos” (FREIRE, 2006, p. 103).Freire, no entanto, enfatiza a necessidade de superar a curiosidadeingênua. Ele convoca a reaprender a perguntar, pois são as perguntas queorientam a busca e a elaboração de resposta, e não o contrário. Portanto, o
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PERGUNTA
Cristóvão Domingos de Almeida e Danilo R. Streck
A pergunta constitui o centro da “concepção problematizadora da
educação” que, em Pedagogia do oprimido, Paulo Freire contrapõe à
“concepção bancária da educação”. A primeira se caracteriza pela abertura do
ser humano ao mundo e ao outro, enquanto a segunda se funda numa postura
“fixista” ou “imobilista” (FREIRE, 2005, p. 83). A própria humanização,
colocada como meta na pedagogia freiriana, tem como pressuposto a
condição de homens e mulheres se colocar a si mesmos como problema e a
constantemente redescobrir o seu “posto no cosmo” (FREIRE, 2005, p. 31).
A pergunta parte da curiosidade, sem a qual não pode haver verdadeira
produção do conhecimento. Freire a compreende como uma dimensão
ontológica, vinculada à práxis do sujeito. A curiosidade está associada à ação
e à reflexão dos “sujeitos comunicantes” e é nessa relação dialética que se
realiza a indagação. No fundo, a curiosidade é uma pergunta (FREIRE;
FAUNDEZ, 2002, p. 46). A pergunta, nesse sentido, é indispensável ao
processo educativo, não como objeto de respostas do professor, mas na
qualidade de codificação da realidade que constitui novo elemento mediador
entre sujeitos que se propõe a conhecer. Perguntas que se colocam como
desafios dentro da situação gnosiológica surgem em ambiente de liberdade e
de criatividade. Na educação bancária, prática educativa que coíbe a
curiosidade e teme a manifestação das perguntas, o educador age como
narrador de conteúdos, doador de respostas previamente elaboradas e prontas
para ser memorizadas, dificultando o pensar certo, autêntico e crítico do
educando. O pensar crítico qualifica a pergunta como meio de transformar a
realidade e humanizar as relações socais. Portanto, “quanto mais crítico, mais
democrático [...] quanto menos crítico, mais ingenuamente discutimos os
assuntos” (FREIRE, 2006, p. 103).
Freire, no entanto, enfatiza a necessidade de superar a curiosidade
ingênua. Ele convoca a reaprender a perguntar, pois são as perguntas que
orientam a busca e a elaboração de resposta, e não o contrário. Portanto, o