30.05.2021 Views

Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

democrática” será “sempre diretiva” (p. 79). Elitista é quem nega ao povo o

direito à educação, à superação de seu senso comum, desde dentro, “para ir

mais além”. Para Freire, a dialética entre o saber popular e o erudito

descortina o horizonte epistêmico da educação progressista, pela “inteligência

dialética da realidade [...] capaz de perceber as relações contraditórias entre

as parcialidades e a totalidade” (p. 86-87). Outras críticas afirmam que “em

lugar de classes sociais” a Pedagogia do oprimido utilizaria “o conceito vago

de oprimido” (p. 89). Freire alega, simplesmente, as inúmeras vezes que usou

o conceito “classe social” no livro, numa perspectiva dialética pela qual a

realidade, de opressão ou libertação, é “possibilidade e não determinismo” (p.

92). Teorias mecanicistas não compreendem a Pedagogia do oprimido pela

incapacidade dialética de reconhecer o “oprimido, como indivíduo e como

classe” (p. 100). Outras críticas refutam a importância da “subjetividade no

processo de transformação social” proposta por Freire que reafirma a

dialética filosófica “consciência e mundo” (p. 100) como a “permanente

tensão entre a consciência e o mundo”. Nega, assim, tanto o subjetivismo

quanto o “objetivismo mecanicistas” (p. 101) que sustentam uma

“compreensão idealista” (p. 103) de classe social.

O terceiro apresenta temas atuais desdobrados a partir de Pedagogia do

oprimido. Os conteúdos da educação (p. 109-120) que, na perspectiva

progressista, devem ser definidos democraticamente sem “autoritarismos,

nem licenciosidade, mas substantividade democrática” (p. 114). A formação

profissional do trabalhador em diálogo com lideranças sindicais e políticas da

classe (p. 128-136). Outros temas são: descolonização da África, racismo,

multiculturalidade, Caribe e América Central; a Reforma Universitária na

Argentina dos anos 1970.

Das contribuições deste livro para a atualidade destaca-se o embate,

muitas vezes, verdadeiro impasse, que contrapõe modernos e pós-modernos.

Freire assume uma posição pós-moderna pela radicalidade da utopia

necessária ao ato educativo (p. 51-52, p. 80-81) uma posição que chama de

“pós-moderna progressista” (p. 97 e 133).

Referências: ANDREOLA, B. A.; RIBEIRO, M. B. Andarilho da esperança: Paulo Freire no

Conselho Mundial de Igrejas. São Paulo: Aste, 2005; ASSMANN, Hugo; SUNG, Jung Mo.

Competência e sensibilidade solidária: educar para a esperança. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 2001;

FREIRE, P. Pedagogia da esperança: um reencontro com a Pedagogia do oprimido. 3. ed. Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 1994; FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 11. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1982;

TRIVIÑOS, A. N. S.; ANDREOLA, B. A. Freire e Fiori no exílio: um projeto pedagógico-político no

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!