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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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PEDAGOGIA DA ESPERANÇA

Evaldo Luis Pauly

O livro faz uma espécie de “arqueologia” (p. 31) de Pedagogia do

oprimido. O reencontro da opressão com a esperança mostra como essas

experiências humanas contraditórias se entrelaçam dialeticamente. Freire

desvela “a esperança com que escrevi a Pedagogia do oprimido (p. 65). O

livro se divide em três momentos (p. 13)”.

O primeiro momento descreve a “experiência existencial” (p. 28) que

veio forjando a Pedagogia do oprimido desde a infância de Freire (p. 53).

Uma forja alimentada de diálogo com os pobres, visando a combater, entre

outras, a violência familiar contra a criança na educação infantil dos tempos

do SESI (p. 15-28), as “depressões” do jovem professor (p. 28-35), a cultura

fatalista de camponeses (p. 35-50) e migrantes em Nova Iorque (p. 54-57). A

Pedagogia do oprimido se faz necessária a quem educa e aprende com

crianças agredidas, com depressões de tantos docentes e com a cultura

popular. Para esse combate, a pedagogia precisa, tanto quanto antes, da

“radicalidade” que supera situações-limites pela esperança do inédito-viável,

que combate o misticismo popular, a acomodação pragmática e o sectarismo

das esquerdas, “castradores sempre” da “criação do socialismo democrático”

(p. 51).

O segundo faz um balanço das críticas à Pedagogia. Uma crítica que

Freire acata é “a linguagem machista que marca todo o livro” (p. 66)

denunciada por mulheres norte-americanas. Reconhece a necessidade de

aprofundar a análise sociolinguística da “linguagem metafórica” popular, sua

“semântica e necessariamente a sintaxe populares” (p. 69, 107), radicalizando

a epistemologia desta Pedagogia: “Partir do ‘saber de experiência feito’ para

superá-lo” (p. 71). Rejeita as críticas contra a linguagem do livro. Uma

sustenta que é de difícil compreensão (p. 74-76), alegando tratar-se de um

texto para estudo, “um processo difícil, até penoso, às vezes, mas sempre

prazeroso também” (p. 76, 83). Outra alega que o livro é elitista, obra de um

“invasor cultural”. Freire atribui essa crítica à “compreensão distorcida da

conscientização” e à ingenuidade (p. 77) de quem a sustenta. Freire insiste na

politicidade inerente à prática educativa, que mesmo sendo “autoritária ou

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