Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

silvawander2016
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pedagógica, qualquer processo alfabetizador, sem apreender o políticoideológicoenquanto uma síntese que permeia todo o processo revolucionário.Por isso, além da “sistematização do conhecimento” pela “atividade práticados trabalhadores que não se esgotam em si, mas pelas finalidades que amotivam”, Freire identifica uma fonte fundamental para os planos educativosem desenvolvimento: o conhecimento popular. E, trabalhando esta concepçãofreiriana, base de seu caminho pedagógico (“partir, sempre, do conhecimentopopular, através da pesquisa do universo vocabular, dos costumes, dosvalores populares”) pode-se visualizar uma aproximação significativa emrelação ao pensamento de Gramsci: especialmente quanto à passagem do“senso comum” à “filosofia que transforma o mundo”.Referências: Freire, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz eTerra, 1984; Freire, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez/Ass., 1982; Freire, Paulo.Cartas à Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980a; Freire, Paulo. Conscientização. São Paulo:Moraes, 1980; Freire, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979; Freire, Paulo.Política e educação. São Paulo: Cortez, 1993; Freire, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1984; SCOCUGLIA, Afonso C. A história das idéias de Paulo Freire e atual crise deparadigmas. 5. ed. João Pessoa: Editora Universitária – UFPB, 2006.

ALEGRIAEuclides RedinToda a elaboração freiriana mostra um compromisso radical com a vida:O meu desenvolvimento com a prática educativa, sabidamente política,moral, gnosiológica, jamais deixou de ser feito com alegria [...] Há umarelação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança.(Freire, 1996, p. 72)A alegria e a esperança fazem parte da natureza humana exatamente porser o homem um ser inacabado em constante construção como indivíduo ecomo história com os outros e com o mundo, história como possibilidade. Omundo estará sendo na medida em que lutamos por alegria e esperança. Háalgumas expressões presentes em todos os escritos freirianos que indicam suaopção por outro mundo possível. Há saberes necessários entrelaçados com aprática e que a ultrapassam. Assim “não há docência sem discência” é preciso“rigorosidade metódica”; “pesquisa”, “respeito aos saberes dos educandos”,“criticidade”, “estéticas e éticas”, “corporeificação das palavras peloexemplo”, “aceitação do novo”, “consciência do inacabamento”, “humildade,tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores”, “alegria eesperança”, “convicção de que a esperança é possível” e “curiosidade”,“disponibilidade para o diálogo”, “querer bem aos educandos e amorosidade”(FREIRE, 1996). Isso significa um novo modelo de pensamento para um novomodelo de educação, para um novo projeto social a favor de optar pela vida.Andreola (1993, p. 41) sintetiza esta opção dizendo:[...] deveria ser um novo desafio maior de intelectuais e de pesquisadoresdeste fim de século e de milênio: reinventar um conhecimento que tenhafeições de beleza; reconstruir uma ciência que tenha sabor de vida echeiro de gente, num século necrófilo que se especializou na ciência e naarte da morte, da guerra e da destruição.A alegria de que fala Paulo Freire não é uma euforia ingênua; é umadimensão que deve ser garantida pela luta: “é na luta que se faz também de

pedagógica, qualquer processo alfabetizador, sem apreender o políticoideológico

enquanto uma síntese que permeia todo o processo revolucionário.

Por isso, além da “sistematização do conhecimento” pela “atividade prática

dos trabalhadores que não se esgotam em si, mas pelas finalidades que a

motivam”, Freire identifica uma fonte fundamental para os planos educativos

em desenvolvimento: o conhecimento popular. E, trabalhando esta concepção

freiriana, base de seu caminho pedagógico (“partir, sempre, do conhecimento

popular, através da pesquisa do universo vocabular, dos costumes, dos

valores populares”) pode-se visualizar uma aproximação significativa em

relação ao pensamento de Gramsci: especialmente quanto à passagem do

“senso comum” à “filosofia que transforma o mundo”.

Referências: Freire, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e

Terra, 1984; Freire, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez/Ass., 1982; Freire, Paulo.

Cartas à Guiné-Bissau. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980a; Freire, Paulo. Conscientização. São Paulo:

Moraes, 1980; Freire, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979; Freire, Paulo.

Política e educação. São Paulo: Cortez, 1993; Freire, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro:

Paz e Terra, 1984; SCOCUGLIA, Afonso C. A história das idéias de Paulo Freire e atual crise de

paradigmas. 5. ed. João Pessoa: Editora Universitária – UFPB, 2006.

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