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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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Se, porém, em determinada conjuntura, sou considerado pelos

neoliberais como um mal menor não posso proibi-los de votar em mim.

São livres para fazê-lo. O que me cabe nesse caso é não aceitar que seu

voto tático seja transformado em favor, em elemento de troca. O fato de

votarem em mim não os toma companheiros de caminhada, nem me

coloca no dever de promovê-los politicamente. (p. 37).

Em sua última obra publicada em vida, Pedagogia da autonomia; saberes

necessários à prática educativa (publicado em1997), Paulo Freire foi mais

enfático na sua condenação ao Neoliberalismo: “Daí a crítica permanente

presente em mim à malvadez neoliberal, ao cinismo de sua ideologia fatalista

e a sua recusa inflexível ao sonho e à utopia” (p. 15).

E, como que brandindo suas últimas palavras contra uma ideologia que

impregna todos os setores da vida contemporânea, ameaçando matar a coisa

mais preciosa do legado freiriano freiriano que é a capacidade de sonhar que

o ser humano tem, vituperou, na mesma obra: “A ideologia fatalista,

imobilizante, que anima o discurso neoliberal anda solta no mundo. Com

ares de pós-modernidade, insiste em convencer-nos de que nada podemos

contra a realidade social que, de histórica e cultural, passa a ser ou a virar

“quase natural” (p. 22).

Nos últimos anos, vários estudiosos da obra de Paulo Freire têm insistido

na questão sobre seu abandono do termo e do conceito “conscientização”.

Certamente, essa discussão foi alimentada por causa de uma afirmação do

próprio Paulo Freire, feita em um seminário de que participou no México, no

ano de 1984:

E depois de 1987, você não encontrará mais a palavra conscientização; eu

participei de um seminário com Ivan Illich em Genebra, durante o qual

ele usou novamente seu conceito de desescolarização e eu o de

conscientização. Foi aí que usei a palavra pela última vez. Naturalmente

eu nunca abandonei a compreensão do processo que denominei

conscientização, mas eu desisti da palavra (Escobar; Fernández;

Guevara-Niebla, 1994, p. 46).

Contudo, não desistiria nem da palavra nem do conceito, porque os

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