Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

silvawander2016
from silvawander2016 More from this publisher
30.05.2021 Views

opressão, pela marginalização e pelas lutas de libertação por educação, terra,alimento, saúde, habitação, etc. Ele próprio existe numa sociedade deopressores e oprimidos. Consciente dessa situação, o homem realiza umtrabalho transformador de si, da natureza e da sociedade, tornando o seucotidiano uma amostra do seu projeto. Empenha-se, dessa forma, em sinalizaro tipo de ser humano e de sociedade que está comprometido em construir.Trata-se, dessa forma, de um processo no qual a educação integral tem umpapel fundamental.Uma educação que a articule adequadamente a teoria e a prática, a açãoreflexão,que possibilite a mulheres e homens ser mais no seu contextohistórico, e interferir sobre ele para modificá-lo. Para que aconteça essaeducação deve haver uma reflexão sobre a própria existência humana e umaanálise da realidade em que existe. O próprio termo existir já traz em si aidéia de discernimento, diálogo, capacidade de transcendência e deposicionamento crítico. O pensar freiriano afirma a possibilidade daconvivência entre as pessoas, pois elas são capazes de se relacionar, escolher,decidir, valorar e intervir. Assim, o ser humano se faz um ser éticoresponsável (2000, p. 36-37). Nesse sentido, sua ética é uma ética para a vida.Freire acreditava na possibilidade de construir uma sociedade realmentedemocrática, com oportunidades iguais para todos, mais igualitária, maisjusta e menos desumana.Referências: FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. São Paulo: Olho d’Água, 1995;FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978; FREIRE, Paulo.Educação como prática da liberdade. 19. ed. Rio: Paz e Terra, 1989; FREIRE, Paulo. Educação emudança. 3. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981; FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberesnecessários à prática educativa. 21. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996; FREIRE, Paulo. Pedagogia daautonomia: saberes necessários à prática educativa. 15. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000a.; FREIRE,Paulo. Pedagogia da esperança. São Paulo: Paz e terra, 1992; FREIRE, Paulo. Pedagogia daindignação – Cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora Unesp, 2000b.; FREIRE, Paulo.Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1987; FREIRE, Paulo; FAUNDEZ, A. Poruma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.

NEOLIBERALISMO10José Eustáquio RomãoComo não podia deixar de ser, os termos globalização e neoliberalismo,quase sempre associados, aparecem apenas nas últimas obras de Paulo Freire,ou seja, das que produziu na década de 90 do século passado, sendo umaorganizada por outrem, portanto, póstuma.Às vezes, sem o hífen, às vezes, hifenizado, o termo Neoliberalismo –que deve ser sempre grafado com maiúscula, por se tratar do nome próprio deuma corrente de pensamento ou de uma visão de mundo – e seus derivadosaparecem associados às elites, portanto, com uma conotação político-socialnegativa. Assim, em À sombra desta mangueira (2001, p. 22) ele escreveu:O Estado não pode ser tão liberal quanto os neoliberais1 gostariam queele fosse. Cabe a partidos progressistas lutar a favor do desenvolvimentoeconômico, da limitação do tamanho do Estado. Este nem pode ser umsenhor todo-poderoso, nem um lacaio cumpridor de ordens dos quevivem bem.Na mesma obra, alerta para o conservadorismo que, no limite, setransforma em fatalismo, segundo a visão de mundo dos neoliberais:Chamo a atenção para certa implicação presente de forma velada nosdiscursos neoliberais. Quando falam da morte da História, dasideologias, das utopias e do desaparecimento das classes sociais, me dão acerteza de que defendem um fatalismo a posteriori [...] agora defendem ofim da História saúdam o “novo tempo”, o da “vitória definitiva” docapitalismo como um futuro que tardou mas chegou. para acabar com aprópria História. (Freire, 1995, p. 33)Ainda aí, o que o torna uma espécie de reserva moral da vida partidária,alerta mais especificamente os candidatos a governantes progressistas sobreas alianças possíveis com os neoliberais:

NEOLIBERALISMO10

José Eustáquio Romão

Como não podia deixar de ser, os termos globalização e neoliberalismo,

quase sempre associados, aparecem apenas nas últimas obras de Paulo Freire,

ou seja, das que produziu na década de 90 do século passado, sendo uma

organizada por outrem, portanto, póstuma.

Às vezes, sem o hífen, às vezes, hifenizado, o termo Neoliberalismo –

que deve ser sempre grafado com maiúscula, por se tratar do nome próprio de

uma corrente de pensamento ou de uma visão de mundo – e seus derivados

aparecem associados às elites, portanto, com uma conotação político-social

negativa. Assim, em À sombra desta mangueira (2001, p. 22) ele escreveu:

O Estado não pode ser tão liberal quanto os neoliberais1 gostariam que

ele fosse. Cabe a partidos progressistas lutar a favor do desenvolvimento

econômico, da limitação do tamanho do Estado. Este nem pode ser um

senhor todo-poderoso, nem um lacaio cumpridor de ordens dos que

vivem bem.

Na mesma obra, alerta para o conservadorismo que, no limite, se

transforma em fatalismo, segundo a visão de mundo dos neoliberais:

Chamo a atenção para certa implicação presente de forma velada nos

discursos neoliberais. Quando falam da morte da História, das

ideologias, das utopias e do desaparecimento das classes sociais, me dão a

certeza de que defendem um fatalismo a posteriori [...] agora defendem o

fim da História saúdam o “novo tempo”, o da “vitória definitiva” do

capitalismo como um futuro que tardou mas chegou. para acabar com a

própria História. (Freire, 1995, p. 33)

Ainda aí, o que o torna uma espécie de reserva moral da vida partidária,

alerta mais especificamente os candidatos a governantes progressistas sobre

as alianças possíveis com os neoliberais:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!