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MULTICULTURALISMO

João Francisco de Souza

Paulo Freire supera as duas perspectivas predominantes nas análises da

problemática do multiculturalismo. A primeira que a encara como um modelo

prescritivo de integração, caminha na direção da normatização de medidas de

adoção da diversidade, sobretudo nas escolas. E a segunda, substantivista,

que a entende como característica das sociedades atuais confundindo-a com

diversidade cultural ou pluriculturalidade.

No interior dessas duas abordagens concorrentes, há uma multiplicidade

de variações. Paulo Freire (1992) vê a questão por outro ângulo. Situa esse

debate a partir do ponto de vista sociopolítico e pedagógico. Podemos afirmar

que o multiculturalismo aparece em seu pensamento quando discute a

questão da unidade na diversidade na sociedade atual como o desafio ou

utopia a ser construída no século XXI, infelizmente, quiçá por todo o terceiro

milênio.

Para salientar a contribuição de Paulo Freire a esse debate, foram

analisadas obras do Grupo de Pesquisa do CIIE (Centro de Investigação e

Intervenção Educativas da Faculdade de Psicologia e de Ciências da

Educação da Universidade do Porto) (SOUZA, 2002) e artigos publicados na

Revista Brasileira de Educação (SOUZA, 2006). Essas análises evidenciam

uma multiplicidade de conceituações da pluri/inter/multi/transculturalidade.

Debate amplamente interessante, mas que não tem contribuído com uma

maior consistência à compreensão das implicações da diversidade cultural e

seus impactos nos processos educativos, inclusive escolares, fornecendo uma

multiplicidade de direções orientadoras da pesquisa educacional e da práxis

pedagógica.

Para vários autores o importante não é discussão dos prefixos “inter ou

multi, mas a concepção de cultura, os pressupostos teóricos, a postura

epistemológica e o posicionamento político que dão sustentação a tais

abordagens”. A cultura para outros, no entanto, é um “termo polissêmico que

vem sofrendo desgaste de sua utilização em diferentes sentidos e na própria

dificuldade de explicitá-la”.

A falta de clareza conceitual se deve a posturas teóricas diversas, que

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