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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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Cada vez mais nos convencíamos ontem e estamos convencidos hoje de

que, para tal, teria o homem brasileiro de ganhar sua responsabilidade

social e política, existindo essa responsabilidade. Participando.

Ganhando cada vez maior ingerência nos destinos da escola do seu filho.

Nos destinos de seu sindicato. De sua empresa, através de agremiações,

de clubes, de conselhos. Ganhando ingerência na vida do seu bairro, de

sua igreja. Na vida de sua comunidade rural, pela participação atuante em

associações, em clubes, em sociedades beneficentes. (Freire, 1981, p. 92)

No diálogo com Myles Horton (FREIRE; HORTON, 2002, p. 182), quando

abordavam o papel dos conflitos, que são inerentes à vida dos movimentos

sociais, Paulo Freire não apenas reafirma que eles são “a parteira da

consciência”, mas lembra que a ideia de movimento está presente na

etimologia de educação: um movimento de fora para dentro, e vice-versa, que

traduz o movimento que se experiencia na relação entre autoridade e

liberdade. Compreende-se, assim, por que o Movimento Popular – segundo

ele “Com maiúscula, se escreve Movimento Popular” – é considerado por

Freire como uma grande escola da vida: ao aprenderem, as pessoas vão

mudando o seu bairro, a sua cidade e o seu país. “É por esses caminhos que o

Movimento Popular vai inovando a Educação” (FREIRE; NOGUEIRA, 1989, p.

66).

Escrevendo sobre a sua experiência na Secretaria de Educação do Estado

de São Paulo, Freire (1993, p. 21) nos fala sobre sua compreensão a respeito

do papel dos movimentos sociais populares frente às mudanças impostas

pelas políticas neoliberais: “os movimentos populares teriam de continuar, de

melhorar, de enfatizar sua luta política para pressionar o Estado no sentido de

cumprir o seu dever”, em face da sua omissão criminosa.

“Alçar a bandeira de luta dia e noite, noite e dia em favor da escola

pública” e democrática em busca sempre da melhoria da sua qualidade no

contexto da luta pela transformação social pressupõe a articulação desta com

várias outras lutas. Freire reconhece que isso se dá numa trajetória em que os

movimentos sociais empenham-se na feitura história como “façanha da

liberdade”. Nesse sentido, compreende que os movimentos sociais populares

constituem um processo de lutas, diante do qual é importante reconhecer que

os quilombos tanto quanto os camponeses das Ligas e os sem-terra de hoje,

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