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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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ajudando o povo a “tomar a sua História nas mãos”, refazendo-a e refazendose,

na feitura da história, com a própria presença e não apenas pela

representação.

O processo de mobilização em torno do Movimento de Alfabetização era

tido por Freire como uma tarefa revolucionária, que buscava, ela mesma,

como o próprio ato educativo, “a participação crítica e criadora do povo no

processo de reinvenção de sua sociedade, recém independente do julgo

colonial, que há tanto tempo a submetia” (FREIRE, 1985, p. 46); pois ao

dominador não é possível reconhecer a importância de verdadeira

organização e, por conseguinte, do processo de mobilização.

Sendo o objetivo fundamental do processo de educação, a transformação

da realidade opressora, a mobilização implica a luta com o povo, não pelo

povo, nem para ele; visando à recuperação da humanidade roubada. Portanto,

não se trata de conquistar o povo, pois isto é, em geral, parte das estratégias

de dominação.

A mobilização, neste sentido, é uma prática de liberdade para a liberdade,

que deve ocorrer a partir da consciência de que “ninguém liberta ninguém e

ninguém se liberta sozinho”, mas que “as pessoas se libertam em comunhão”

(FREIRE, 2005, p. 151), numa atitude de superação do espontaneísmo e do

voluntarismo.

A mobilização sendo, ao mesmo tempo, objetivo e condição para o

processo de libertação é uma atividade eminentemente político-pedagógica,

que ocorre não apenas por meio de pessoas, mas, especialmente, por meio de

processos nos quais as pessoas se afirmam como sujeitos.

A mobilização e a organização popular, em termos realmente

participatórios, que são em si, já, tarefas eminentemente políticopedagógicas,

às quais a alfabetização e a pós-alfabetização não poderiam

estar alheias, são meios de respostas àquele desafio. Como meio de resposta a

ele, é a informação formadora e não sloganizante, domesticadora, em torno

dos mais mínimos problemas que tenham a ver com o destino do país

(FREIRE, 1985, p. 48).

No processo de mobilização, necessariamente, deve haver o encontro de

educandos e educadores entre si e, destes, com o mundo de possibilidades,

cuja realização, no sentido da libertação, exige conscientização, organização

e participação ativa. Paulo Freire sugere que os educadores e educadoras

estejam ligados(as) ao ambiente de vida ou trabalho dos educandos e

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