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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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crítica sobre a prática se torna uma exigência da relação teoria/prática sem a

qual a teoria pode ir virando blábláblá e a prática, ativismo” (FREIRE, 1996,

p.24). Esta consideração nos faz perceber a militância freiriana como um

movimento radical, uma vez que a radicalidade do educador e da educadora

“não nega o direito do outro de optar. Não pretende impor sua opção. Dialoga

sobre ela [...] Tenta convencer e converter, e não esmagar” (FREIRE, 1996, p.

58). Esta posição implica, também, reconhecer que o bom senso não basta

para orientar ou fundar táticas de luta, “ele tem, indiscutivelmente,

importante papel na minha tomada de posição, a que não pode faltar ética

diante do que devo fazer” (FREIRE, 1996, p. 69).

Logo, a militância vista a partir de Freire é a de quem se prepara e se

organiza para a prática, é a de quem luta por direitos e protesta contra as

injustiças, para

[...] que o professor (sic) ofereça de sua lucidez e de seu engajamento na

peleja em defesa dos seus direitos, bem como na exigência das condições

para o exercício de seus deveres [...] O desrespeito a este espaço é uma

ofensa aos educandos (sic), aos educadores (sic) e à prática pedagógica.

(Freire, 1996, p. 73)

A responsabilidade e o compromisso do educador e da educadora com os

seres humanos encontram-se na sua justa ira contra o discurso dominante,

que, fatalisticamente, condena todos e todas à imobilidade e à

impossibilidade de mudar a realidade porque “sempre foi assim”. De acordo

com Freire, o educador e a educadora têm o direito à raiva, de manifestá-la,

de tê-la como motivação à briga, assim como têm o direito de amar, “de tê-lo

como motivação da [minha] briga porque, histórico, vivo a História como

tempo de possibilidade e não de determinação” (FREIRE, 1996, p. 84). E

ainda,

o fato de me perceber no mundo, com o mundo e com os outros me põe

numa posição em face do mundo que não é a de quem tem a ver com ele.

Afinal, minha presença no mundo não é a de quem a ele se adapta, mas a

de quem nele se insere. É a posição de quem luta para não ser objeto, mas

sujeito da História. (Freire, 1996, p. 60)

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