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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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É por isso que as administrações autoritárias, algumas até dizendo-se

avançadas, procuram, por diferentes caminhos, introjetar no corpo das

gentes o medo à liberdade. Quando se consegue isso, a professora guarda

dentro de si, hospedada em seu corpo, a sombra do dominador, a

ideologia autoritária da administração.(Freire, 1999, p. 9)

É esse medo à liberdade que conduz os educadores “à falsa paz que lhes

parece existir na situação de tias, o que não existe na aceitação plena de sua

responsabilidade de professoras” (FREIRE, 1999, p. 7).

Concluímos com uma afirmação de Freire que, a nosso ver, sintetiza essa

problemática do medo, do risco e da esperança:

[...] quando a educação já não é utópica, isto é, quando já não se faz na

desafiante unidade da denúncia e do anúncio, é porque o futuro perde sua

real significação ou porque se instala o medo de viver o risco do futuro

como superação criadora do presente que envelhece. A espera só tem

sentido quando, cheios de esperança, lutamos para concretizar o futuro

anunciado, que vai nascendo na denúncia militante. (Freire, 1981, p. 31)

Medo e pânico nos paralisam e servem como uma armadilha para que os

oprimidos concedam aos opressores o poder e a “verdade”. Dom Helder

Câmara, com seu carisma, no tempo da tragédia da ditadura, da tortura, dos

exílios e dos assassinatos, da ditadura do medo dizia: “Não se deixem

dominar pelo medo, pois é isto que os opressores querem: calar todo um povo

pela introjeção do medo”. Vivemos séculos e milênios sob o estigma do “si

vis pacem para bellum” (“se queres a paz, prepare a guerra”) totalmente

equivocado. O que constrói a paz é o amor e a luta por ele entre todos com

alegria e esperança. A guerra gera a violência. Somente a alegria e a

esperança geram a solidariedade e a luta pela paz para todos.

Referências: Freire, Paulo. Educação e mudança. 12. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979; Freire,

Paulo. Ação cultural para a liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981; Freire, Paulo; Shor, Ira. Medo

e ousadia – o cotidiano do professor.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986; Freire, Paulo. Pedagogia da

esperança. São Paulo: Paz e Terra. 1997a; Freire, Paulo. Paulo Freire in Memoriam. Vídeo. São Paulo:

PUCSP, 1997b.; Freire, Paulo. Professora sim, tia não – cartas a quem ousa ensinar. São Paulo: Olho

d’Água. 1999

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