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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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MEDIAÇÃO (Pedagógica)

Telmo Adams

A primeira mediação educadora do ser humano é a existência em sua

dinâmica que implica dialogação eterna do homem consigo mesmo, com o

mundo e com seu Criador. A própria natureza coloca-se como grande

mediação para as relações e comunicação dos humanos. A segunda mediação

é constituída pelo processo de relações que constroem as culturas, a história,7

em que o trabalho humano é mediador da transformação do mundo. O

trabalho aparece como palavra ou temática geradora central na proposta de

alfabetização de Paulo Freire (cf. 1976b, p. 123-150). Mas junto com ele

subentende – nas bases epistemológicas de Pedagogia do oprimido

reafirmado em Pedagogia da esperança –, que a grande mediação pedagógica

dos oprimidos processa-se pelo engajamento na luta política realizada de

forma solidária, “educando-se entre si, mediatizados pelo mundo” (FREIRE,

1978, p. 63), onde o(a) educador(a) pode oferecer a mediação pela

problematização.

Nessa linha, em Ação cultural para a liberdade e outros escritos (1976a),

o autor revê a visão de conscientização apresentada no livro Educação como

prática da liberdade: a dialeticidade entre os polos do desvelamento da

realidade social e o seu processo de transformação. Há uma relação dialética

entre a clareza política na leitura do mundo e os níveis de engajamento no

processo de mobilização e de organização para a luta na defesa de direitos e

transformação social. Mas tudo isso passa pela mediação intrínseca que são

as “muitas tramas, o corpo molhado de nossa história, de nossa cultura”

(FREIRE, 1992, p. 33). Em decorrência, compreende que as mediações da

pedagogia do oprimido passam pela leitura e escrita da palavra na medida em

que a escrita implica uma releitura crítica do mundo. A superação da

contradição “opressores-oprimidos” constitui a mediação maior como um

“parto que traz ao mundo este homem novo não mais opressor; não mais

oprimido, mas homem libertando-se” (FREIRE, 1978, p. 36).

A educação dialogal, ativa e voltada para a responsabilidade social e

política, caracteriza-se pela profundidade na interpretação dos problemas

(FREIRE, 1976b, p. 61). Desse modo, a experiência da vida torna-se mediação

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