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Dicionario-Paulo-Freire-versao-1

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ou seja, a “dialética do sujeito e da subjetividade”. Contudo, as conexões que

perpassam Freire e Marx não retiram as grandes diferenças entre eles quanto

ao debate pedagógico, o que é compreensível dado o contexto e o

distanciamento temporal que os separam. Voltado inicialmente à

alfabetização de adultos, o método freiriano pouco se relaciona com a

proposta da “educação fabril/produtiva” do socialista utópico Robert Owen

(1771-1858), na qual Marx via “o germe da educação do futuro que

conjugará o trabalho produtivo de todos os meninos, além de uma certa

idade, com o ensino e a ginástica, constituindo-se em método de elevar a

produção social e de único meio de produzir seres humanos plenamente

desenvolvido” (MARX, 1989, p. 554).

No que tange à esfera acadêmica, a obra de Freire tornou-se um

importante referencial metodológico de resistência política e construção

teórica da esquerda educacional socialista, sem, contudo, perder as

características básicas que sempre lhe permitiram a abertura para a

“reinvenção” de suas próprias concepções:

O pensamento de Freire pode agora ser claramente percebido como uma

expressão da pedagogia socialista, e sua análise tem sido, através do

tempo, trabalhada dentro e fora da moldura histórico-materialista,

edefinindo seus velhos temas existencialista-fenomenológicos sem, no

entanto, adotar uma posição ortodoxa. (Torres, 2006, p. 5)

Referências: FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. 11. ed. São Paulo:

Paz e Terra, 2006; FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.

7. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996; FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com

a Pedagogia do oprimido. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993; FREIRE, Paulo. Pedagogia do

oprimido. 21. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987; KONDER, Leandro. A derrota da dialética; a

recepção das idéias de Marx no Brasil até o começo dos anos 30. Rio de Janeiro: Campus, 1988;

MARX, Karl. A ideologia alemã. 3. ed. Tradução de Luís Cláudio de Castro e Costa. São Paulo:

Martins Fontes, 2007. (Clássicos); MARX, Karl. O CAPITAL: Crítica da economia política. 13. ed.

Livro 1, volume 1, Capítulo XII, item 9 (Legislação fabril inglesa. Suas disposições relativas à higiene

e a educação, e sua generalização a toda produção social) – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 1989.

Tradução de Reginaldo Sant’ Anna; PAIVA, Vanilda Pereira. Paulo Freire e o nacionalismo

desenvolvimentista. São Paulo: Graal, 2000; TORRES; Carlos Alberto. Paulo Freire: Uma biografia

intelectual. Disponível em: <http://www.paulofreire.org/torres_pf.htm>. Acesso em: 2006.

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